Neste estudo encontramos usos de derivação prefixal, sufixal e composição na construção de neologismos presentes no conto Fatalidade, de Guimarães Rosa. Descobrimos dez ocorrências consideradas neológicas e exploramos os processos de formação de cada uma delas. Em relação aos procedimentos metodológicos, atenta-se para: i) levantamento de palavras que possam ser neológicas ainda não prescritas em dicionários socialmente reconhecidos; ii) descrição e classificação dos neologismos e análise do contexto em que se encontra. Como suporte teórico, estudos elaborados por autores como Alves (2004), Kehdi (1992) e Rocha (1998) para definições acerca dos neologismos e estruturas morfológicas do português e, sobre a literatura de Guimarães Rosa, utilizamos Carvalho (1984) e Brait (1982).
O presente artigo traz em seu bojo o papel inusitado que Guimarães Rosa confere aos prefácios quando da construção e estruturação da obra Tutameia. Discute-se como a(s) temática(s) e estruturação da referida obra já se revelam pela organicidade dos prefácios: os motivos já se delineiam em quatro narrativas que funcionam, a um só tempo, como prefácios e como histórias que complementam o repertório dos quarenta contos que compõem a obra. Vislumbra-se, desse modo, como tais prefácios conseguem amalgamar reflexões, pistas de leitura e escrita, metalinguagem, histórias e estórias, conservando, simultaneamente, a integridade (dos prefácios e demais narrativas) e a garantida dos elementos constitutivos do todo de obra que é Tutameia. Jogo performativo esse com que o prosador nos dá uma amostra de obra que não só questiona o próprio fazer literário, como também reflete e nos apresenta amostra(s) de vida, que – assim como a obra – apresenta seus inesgotáveis motivos que merecem (e devem) ser lidos.