Neste estudo, buscamos fazer uma leitura analítica (hermenêutica) e
fenomenológica heideggeriana da obra Grande Sertão: Veredas, romance de
Guimarães Rosa, publicado em 1956. Buscando um diálogo entre a literatura e a
filosofia, focalizamos a relação entre tempo e memória configurada na obra. No
romance de Rosa, a experiência temporal humana é apresentada pela rememoração
de Riobaldo, o narrador-protagonista. Assim, este trabalho tem como proposta
compreender o “sertão” de Riobaldo, um sertão que corresponde ao desvelamento
da condição humana, observando-o como espaço existencial de construção da
linguagem, na medida em que o narrar se revela como rememoração que busca o
sentido do ser através da ontologia existencial. A linguagem não é apenas um
instrumento de comunicação, mas é a casa do Ser, a morada do homem; a única
capaz de resgatar o homem do esquecimento do seu Ser. Acreditamos que o
romance rosiano seja uma grande experiência de linguagem que busca destacar
essas questões fundamentais da existência, figuradas na construção da personagem
Riobaldo, construída em um jogo de ocultamento/desocultamento a fim de revelar
um homem humano, como uma travessia por meio da palavra. Para tanto, tomamos
como aporte teórico fundamental, além da obra de Heidegger, os trabalhos de
NUNES (2003; 2013), SANTIAGO (2017), LACOSTE (1986), GALVÃO (2000), entre
outros que farão este diálogo entre literatura e filosofia.
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