Este artigo estuda a estrutura narrativa do romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, a partir da concepção de escritura (écriture) pensada por Jacques Derrida, bem como das considerações do filósofo sobre a instituição literária. Nossa hipótese de trabalho se concentra na ideia de que no Grande sertão: veredas o fenômeno da escritura é uma questão central. Partiremos de uma passagem da obra, que trata de uma carta enviada pela personagem Nhorinhá e que somente chega a seu destinatário, Riobaldo, quando já e tarde demais, para discutir a questão do evento e do acontecimento, segundo uma pergunta de Riobaldo sobre os efeitos da carta, caso ela tivesse chegado a tempo. A isso, chamaremos de “metáfora escritural”, que regula um pensamento sobre a escrita, em geral, e sobre a escritura literária, em particular. Com isso, Rosa nos adianta questões como traço, evento, devir, além de problematizar o “como se” da literatura, elementos organizadores de um saber próprio do literário. Finalmente, propomos a abordagem destas provocações de Guimarães Rosa em seu único romance como alguns dos modos de entrada na obra.
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