A novela Campo Geral, também caracterizada por Guimarães Rosa como um poema, é parte constitutiva da obra maior Corpo de Baile, publicada em 1956, e trata da vida de uma família muito pobre que vive no interior de Minas Gerais, cujo cotidiano gira em torno de sua subsistência através do trabalho necessário para alcança-la. As representações do trabalho têm papel central na obra e as diferenças entre a forma como eles são representados apontam para a possibilidade do estabelecimento de certas relações entre esses regimes de trabalho e determinadas características das personagens A atividade que possibilita àquela família sua subsistência também incide sobre determinados membros dessa mesma família de forma potencialmente cerceadora, como uma espécie de tesoura de poda da subjetividade. O movimento executado por Guimarães parece consistir em observar e captar certos aspectos particulares dessa realidade para, a partir disso, trazer à tona e exprimir questões que transbordam essa família e essa realidade particular e dizem respeito à humanidade de forma mais genérica, pra além dessas particularidades, revelando, como formulou Antonio Candido, a universalidade da região. A partir da análise das personagens do núcleo da novela e a relação de Miguilim com estes, este ensaio busca discutir a centralidade das representações do trabalho para a construção da narrativa e os recursos utilizados pelo autor na direção da superação do regionalismo pitoresco comum em sua época.Palavras-chave: Campo Geral; Miguilim; Realismo; Guimarães Rosa; Representações do trabalho.DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i2.3182
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