As Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, são originais em dois sentidos: porque nenhuma outra se lhes assemelha e porque contêm sua origem em si mesmas. Como tais, suscitam a constituição de um homem novo e patrocinam a abertura de um mundo inédito. Sob as vinte e uma primeiras estórias, uma mesma estória abissalmente se conta, que diversamente se encena. Arvorando-se em torno da pergunta essencial que sepropõe na estória central do livro – “Você chegou a existir?” –, as estórias são atos genesíacos primordiais a partir dos quais forja o homem um si próprio, estabelecendo um “pacto de puro entusiasmo” com a vida, que é incessante invenção de novidade. As duas estórias escolhidas para interpretação – “Um moço muito branco” e “Tarantão, meu Patrão” – ilustram a pedagogia ascensional da poética rosiana e oferecem a oportunidade de se apresentar uma visão geral do conjunto do livro.
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