O presente trabalho trata da adaptação do romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, para minissérie de televisão e da atividade tradutória, universo multifacetado de questões onde atuam, em cadeia, o autor do texto de partida, o tradutor-adaptador, o veículo e os receptores. Cada um deles possui suas especificidades, estabelecendo outro grande conjunto de problemas. Nossa principal abordagem é direcionar e centralizar todas as indagações no livro e no roteiro da minissérie. Nesse sentido, as soluções adotadas se mostraram extremamente complexas, e a adaptação encontrou o duplo entrave envolvendo forma e conteúdo. Tal forma seria o principal desafio para a tradução intersemiótica. As transformações do romance constatadas no roteiro formam um emaranhado em aparente desordem em que os temas atam-se às formas num contínuo fluxo e refluxo no processo de montagem e desmontagem dos eventos em que estes são tecnicamente linearizados para a linguagem televisiva. A complexidade e a riqueza na relação da Literatura com a Televisão são grandes, pois os conceitos e valores, utilizados diferentemente pelos dois veículos, não são muito precisos. Nesse sentido, a tradução intersemiótica cria, ou tenta criar, um elo entre a literatura e o público televisivo, estimulando-o a voltar ao texto de partida. Tentando encontrar os mesmos personagens, o mesmo tratamento e as mesmas facilidades, o que ocorre é que as tecnologias da imagem condicionam de maneiras
específicas a apreensão do texto literário. A adaptação de Grande Sertão: Veredas exigiu muita perícia do roteirista. De início, foram selecionados e linearizados os acontecimentos por meio de tópicos previamente escolhidos e montados como uma coluna vertebral. São essas as escolhas que se impõem em toda tradução. Desta maneira, analisar ou acompanhar as transformações do livro como possibilidades de leitura foi um dos principais objetivos de nosso trabalho. ) Não quisemos, na análise da adaptação, delimitá-la seguindo estas ou aquelas teorias lingüísticas ou semióticas. Preferimos outros caminhos. Fizemos um exaustivo levantamento das teorias cujos trabalhos versam sobre cinema, televisão, tradução, comunicação de massa e, juntando-os à fortuna crítica existente de Grande Sertão: Veredas, direcionamos nossa pesquisa e embasamos o nosso texto.
Numa passagem de Grande sertão: veredas, Riobaldo fala de uma "sonhice" que teve: "Diadorim passando por debaixo do arco-íris". Vinte anos antes, em Magma, Rosa escreveu um conjunto de sete poemas, cujos títulos denunciam a presença do arco-íris e ativam sentidos que tal fenômeno carrega. Entender alguns destes sentidos, mostrando como as cores funcionam na vida e na lite ratura, é o que quer o prese nte artigo. Para isso, analisam-se o poema "Vermelho" e a referida passagem-sonho como indicadores de um pensamento sobre a sexualidade.
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