Ampliando alguns limites da escrita acadêmica para tratar do brincar na Casa de Recreação Te-Arte acolho a poética de Guimarães Rosa como suporte epistemológico e metodológico. Afirmo a filosofia trágica de Friedrich Nietzsche, a fenomenologia dos quatro elementos de Gaston Bachelard e da percepção de Maurice Merleau-Ponty. Sobretudo a sabedoria poética de Rosa e de Bachelard, sendo que Guimarães Rosa pode ser considerado também etnógrafo. Anotei o vivido no Diário de Campo significando o que estava à minha volta descobertas de crianças bem pequenas misturado aos elementos da cultura popular e à poética de Guimarães Rosa, engrandecendo este gesto ancestral o brincar. Trata-se, portanto, de uma investigação que está nas imediações da antropologia e da fenomenologia, mas que flerta com a literatura de Rosa para tratar de três núcleos do brincar: corpo, experiência e iniciação, a partir das experiências vividas na Te-Arte, um espaço de aprendizagem e uma experiência singular em educação, concebida e dirigida pela educadora Thereza Soares Pagani, a Therezita, em São Paulo. A Te-Arte existe desde 1975 e se distingue por não ter sala de aula, professores por turma e nem divisão de crianças por faixa etária. O que narro não é algo que possa ser disseminado como política pública, talvez como poética pública, como sugere Marcos Ferreira-Santos. O texto mostra os desafios de uma Pedagogia da Escolha anunciada por Rogério de Almeida e Marcos Ferreira-Santos, acolhendo outras linguagens para dialogar e deixar mostrações de uma educação de sensibilidade postulada pelos mesmos Autores.
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