Questionar as categorias da História estava entre os objetivos assumidos pelo projeto literário de Guimarães Rosa e foi o próprio escritor quem, em 1967, levou tal debate para a ambiência libertadora da poesia. Para refletir como isso teria se operado naquela escritura, foram consultados alguns materiais que o autor utilizou no processo de literatura: Cadernos e Cadernetas. Em que pese à importância das já bastante difundidas cadernetas, também a leitura dos cadernos rosianos é bastante rica, ainda que, curiosamente, estes ainda não tenham sido tema de nenhum trabalho de referência que os tomasse como documentos autônomos, capazes de expressar algo sobre si mesmo e sobre aquela escrita literária. Neste artigo, propomos apresentar uma leitura detalhada daquele conteúdo, pois é possível perceber ali que, embora aqueles sejam documentos privados, eles são como poemas, pois seu conteúdo é capaz de induzir a um estado poético e revelar novos vislumbres daquela escritura, a saber: alguns questionamentos, objetivos e também de que maneira foram estabelecidas relações com a cultura popular, e a perspectiva infantil.
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