Esta dissertação faz um estudo comparativo das micronarrativas presentes nas obras Os Sertões, de Euclides da Cunha e Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. O estudo tem como norteadores os seguintes questionamentos básicos: qual a finalidade dessas narrativas curtas e aparentemente independentes nas obras em questão? De que recursos se valem os autores para que elas se relacionem e se encaixem harmonicamente com o eixo-central das narrativas? São basilares para esta pesquisa o conceito de encaixe narrativo baseado nas reflexões teóricas de Lucien Dallenbch sobre o termo myse en abyme e o exemplo clássico da obra Ilíada através dos chamados encaixes homéricos que são os primeiros exemplos de encaixes narrativos de que se tem notícia. Aplicando esse conceito às duas obras, primeiramente de forma separada, depois comparativa, o propósito é evidenciar essas micronarrativas como estratégias de narrar que ligam a multioralidade do povo sertanejo com a textualidade erudita dos escritores. O conceito de encaixe narrativo, além de evidenciar as marcas da oralidade nas duas obras, faz que as lendas, os mitos e crendices populares sejam identificados em um nível narrativo diferenciado. Esse separar sem desvincular-se demonstra o universo lendário que povoa os sertões no imaginário e nas narrativas orais dos sertanejos em sua similaridade com uma epopeia. Objetivou-se assim, sobretudo, valorizar elementos do universo da oralidade presentes na composição dos romances em questão.
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