Apresentar três lotes de correspondência inédita de João Guimarães Rosa, para responder ao problema de como os seus livros se recriaram em novos ambientes culturais, é trabalho que exige estabelecer o texto das cartas, redigir notas descritivas/ analíticas e notas explicativas. A recriação resulta da ação concertada de autor, editor e tradutor. A edição dos livros se mostra um negócio ou empreendimento de tipo especial, seja em razão da rede de relações pessoais e profissionais que envolve, ou do movimento de idéias, que simultaneamente capta e produz. Editar é operação que se dá no terreno das mediações entre dois planos, um que é do simbólico, outro da fabricação ou reprodução técnica. No trio de agentes, cada um de seu lugar e a seu modo busca o objeto livro que propicie a permanência da obra literária. Os lotes de correspondência, do arquivo que pertenceu ao escritor, agora ditos sub-séries, são: 1. com o editor francês Pierre Seghers (26/06/1957 a 10/10/1962), CE 1 a 15 (cx. 01), 17 documentos; 2. com o editor português António de Souza-Pinto (01/11/1960 a 27/01/1967), CE 16 a 64 (cx. 01), 56 documentos; 3. com o tradutor francês Jean-Jacques Villard (07/07/1961 a 25/04/1967), CT 1 a 47 (cx. 9), 48 documentos. Na cena das cartas aos três destinatários vê-se um autor que, além de cuidar da forma de publicação de seus textos literários no exterior, estende sua atenção ao paratexto, interno e externo ao volume. Entre essas atenções dispensadas por via epistolar despontam diferentes personas de João Guimarães Rosa.
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