O estudo que se segue é uma tentativa de analisar Primeiras estórias (1962) a partir da hipótese de que existe, na escrita de Guimarães Rosa, uma provocação meditativa que se dá por meio da presença de um elemento causador de estranhamento, ostraniênie. Para auxiliar a investigação, foram usados como base os estudos de Viktor Shklovsky (1976) e Carlo Guinzburg (2001) sobre o estranhamento em cotejo com algumas noções manifestas em cartas e entrevistas de Guimarães Rosa em que o escritor fala sobre seu processo de criação. Utilizam-se ainda, a fim de aprofundar a questão da meditação e do autoconhecimento nas Primeiras estórias, algumas referências vindas do cânone budista, uma vez que os sutras e koans são exemplos antigos do uso de estranhamento com o objetivo de prender a atenção do ouvinte ou leitor e de fazê-lo meditar sobre um tema. Os resultados mostram que uso do estranhamento é eficaz como modo de provocação meditativa e que a meditação é de fato algo relevante para o processo de composição e recepção da obra de Guimarães Rosa.
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