As adaptações de nove contos de Primeiras estórias, publicadas pela primeira vez em 1962, para os filmes A terceira margem do rio (Nelson P. Santos, 1994) e Outras estórias (Pedro Bial, 1999) constituem o tema deste estudo. Comentam-se as opções narrativas assumidas pelos cineastas para vencer o desafio imposto pela intensa elaboração textual presente na escrita de Guimarães Rosa. Considerando, por princípio, que cada obra literária ou fílmica deve ser apreciada em sua condição de produção artístico-cultural, o exame das relações entre o livro e os filmes privilegia
algumas das implicações temáticas e estéticas resultantes dessa passagem.
A presente comunicação é um estudo interpretativo do volume Primeiras Estórias, publicado em 1962 por Guimarães Rosa, examina-se a recepção de temas trágicos pela narrativa rosiana, tais como a ideia de fatalidade e de destino. Fazem-se confrontos entre os contos de 1962 e a tradição da tragédia grega, sobretudo daquela vertente que remonta a Sófocles e a Ésquilo.
Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade
Em Solve et Coagula - dissolvendo Guimarães Rosa e recompondo-o pela ciência e espiritualidade é investigada a importância da espiritualidade na formação do escritor Guimarães Rosa e na confecção de suas obras, rincipalmente Primeiras Estórias e Ave, Palavra. A partir de relatos de amigos e parentes, entrevistas, cartas e anotações pessoais, analisa-se como esse interesse pela espiritualidade - principalmente pela Cabala, Tarô e Astrologia - aparece nos seus textos, tanto na construção quanto em personagens, linguagem e estórias, em equilíbrio com um pensamento cientificista. Para melhor compreender a questão espiritual do escritor mineiro e o seu desenvolvimento na ficção, também é estudada a visão de "religiosidade" rosiana analisada por Vilém Flusser e como ela se relacionaria diretamente com a linguagem poética do escritor mineiro.
O presente trabalho divide-se em três capítulos, que constituem a seguinte estrutura: no primeiro capítulo, analisamos a figura da morte e suas características no contexto da obra de Guimarães Rosa, dentro de uma tipologia específica, determinando como essa figura surge através de imposição , ausência , memória e ritual . Com isso, pretendemos abranger todas as possibilidades que esse aspecto denota. No segundo capítulo, observamos a incidência do espelho como elemento de análise de nosso estudo, caracterizando como uma condição estilística pode se tornar uma chave de leitura, necessária à interpretação do livro Primeiras Estórias . A caracterização do espelho como elemento de análise possui uma fundamentação teórica que se descortina ao longo de outras obras literárias que têm por base o mesmo objeto. Ao estabelecer os pontos em que tais obras se aproximam das teorias da especularidade, pretendemos justificar seu uso sob nossa perspectiva
Primeiras estórias são narrativas instauradas pelo dizer do narrar na amplitude desmedida da linguagem nas estórias rosianas. Cada narrativa apresenta a experiência das personagens rosianas no sertão rosiano. O dizer do narrar mostra o inaugural originalmente, revivificando-o com a ausculta da presentificação da linguagem na obra. A resposta humana se dá no diálogo entre o ser e o tempo inaugurados. As personagens anciãs e infantis experienciam o sertão e compartilham a mundividência rosiana. A ética e a morada são consonâncias mundificadoras nas estórias. A ética requer diálogo para vigorar na unidade harmonizadora. O amor como procura é a cura rosiana. Amar fomenta a asculta de si e do outro no encontro vivificador. A loucura e o real são inaugurações originais. Ir além do imediato e do limite é deambular na existência desmedida. A morte é o eclodir extraordinário rosiano. É a consumação plenificadora do sertão rosiano.
O sucesso na transposição de narrativas literárias para o cinema depende da resolução adequada
de uma série de questões, em especial a do narrador, conforme apontaram Xavier (1998) Johnson
(1995) e outros. Os desafios para a transposição ampliam-se consideravelmente quando se trata de
narrativas com intensa elaboração textual, como é o caso de Primeiras estórias, de Guimarães
Rosa, que foram alvo de duas versões cinematográficas nos anos 90: A terceira margem do rio,
(Nelson Pereira dos Santos, 1994) e Outras estórias (Pedro Bial, 1999). Em ambos os casos, a
roteirização privilegiou a unificação das narrativas curtas, compondo um grande quadro de
personagens com relações de parentesco ou de envolvimento em situações que extrapolam o
conteúdo diegético dos contos. As peculiaridades da escrita de Rosa, todavia, interferem
substancialmente no processo e no resultado. O presente trabalho confronta determinadas
personagens nas versões literária e cinematográfica, ressaltando difer
Após a consagração e a surpresa em Grande sertão: veredas (1956) de Guimarães Rosa, obras
posteriores ficaram um tanto desprestigiadas, como é o caso de Primeiras Estórias (1962). Mais
uma vez o sertão surge como espaço de identificação poética, contudo, agora, dentro de um projeto
de caracterização nacional, mediado pelos espaços urbanos. A visada sobre o conjunto dessa obra
nos permite fazer uma leitura tanto do processo histórico de modernização do Brasil quanto um
mergulho nas tradicionais raízes da narrativa. É exatamente na investigação desse entroncamento
que procuraremos delinear a convergência literária que anuncia os valores estéticos que vão
determinar a poética roseana.
A presente comunicação, a partir de uma leitura de estórias de João Guimarães Rosa e José
Luandino Vieira, presentes em Primeiras Estórias e No antigamente, na vida, respectivamente, visa
uma abordagem dos textos baseada na reconstrução do passado enfocada no tempo da infância.
Privilegiamos no decorrer desta leitura os processos de ressemantização tanto da palavra, como do
próprio espaço do passado, que salvas as distinções contextuais e das intenções dos projetos
estéticos dos autores, aponta para uma tensão estrutural entre o novo e o velho. Esta tensão se
evidencia nas narrativas, ademais dos aspectos já apontados, através de um constante movimento
de trazer os espaços periféricos para o centro da narrativa, tanto pela inventividade da linguagem,
tanto pela ruptura das fronteiras entre centro e periferia presente nos textos, nomeadamente, os
musseques de Luanda em Luandino Vieira, e o sertão roseano, que nos apontam para um
entrecruzamento cultural, dentro de uma escritur
Guimarães Rosa privilegia, em toda sua obra, lugares de ver e dizer o mundo historicamente desvalorizados no mundo ocidental. Parece-me que este gesto está em sintonia com a crise do paradigma civilização e barbárie, crise esta que problematiza uma série de oposições, como adulto-criança, oral-escrito, civilizado-selvagem, urbano-rústico. Estas oposições negavam, ao pólo considerado negativo ou inferior da dicotomia, uma forma de pensamento, de entendimento do mundo, que tivesse interesse, desqualificando-a. Rosa, procedendo o contrário, empenhando-se em construir mundos ficionais a partir desses marginalizados modos de ver e dizer, subverte o paradigma civilização e barbárie. Apresentarei, nesta comunicação, uma reflexão sobre as implicações deste gesto, inscrevendo a obra de Rosa num contexto mais amplo de crise e revisão das bases do pensamento ocidental. Nessa direção, apresentarei alguns pontos de contato entre o gesto rosiano e o de pensadores da chamada Escola de Frankfurt, empe
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