O trabalho ora apresentado tem como proposta a leitura, sob o pondo de vista comparatista das estórias presentes em Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa, publicado pela primeira vez em 1962, e No antigamente, na vida, de José Luandino Vieira, de 1974. Parte-se do mapeamento do percurso da (re)invenção inscrita no tempo da infância, para posteriormente, sob o recorte da caracterização das personagens infantis, verificar a ficcionalização da violência através destas personagens, marcadas por dois movimentos distintos: através da compreensão da presença ou do passado colonial e das identificações nacionais, do intento harmonizador, em Guimarães Rosa, e da evidenciação da violência, temática e estruturalmente, em Luandino Viera.
A presente comunicação, a partir de uma leitura de estórias de João Guimarães Rosa e José
Luandino Vieira, presentes em Primeiras Estórias e No antigamente, na vida, respectivamente, visa
uma abordagem dos textos baseada na reconstrução do passado enfocada no tempo da infância.
Privilegiamos no decorrer desta leitura os processos de ressemantização tanto da palavra, como do
próprio espaço do passado, que salvas as distinções contextuais e das intenções dos projetos
estéticos dos autores, aponta para uma tensão estrutural entre o novo e o velho. Esta tensão se
evidencia nas narrativas, ademais dos aspectos já apontados, através de um constante movimento
de trazer os espaços periféricos para o centro da narrativa, tanto pela inventividade da linguagem,
tanto pela ruptura das fronteiras entre centro e periferia presente nos textos, nomeadamente, os
musseques de Luanda em Luandino Vieira, e o sertão roseano, que nos apontam para um
entrecruzamento cultural, dentro de uma escritur