A literatura e a história modernas são discursos legitimadores. Relatos que oficializam vozes capazes de ameaçar a integridade de uma genealogia. Este trabalho tem por objetivo analisar, na literatura de Guimarães Rosa, de que forma personagens ditas bastardas são enunciadoras de discursos que rompem com a linearidade discursiva, fendem genealogias para nelas inserirem, na forma de suplemento, suas experiências enquanto agentes que são de uma narratividade, cuja visibilidade se torna possível somente quando os metarrelatos têm sua soberania posta em questão.
Em "Droenha" (Tutaméia (Terceiras Estórias)), depara-se o leitor com o registro do duplo em diferentes instâncias: (1) no título do conto que no corpus se faz presente como ?pedroenga?, sendo esta duplicidade possível de ser lida graças às últimas palavras registradas na narrativa: "pedra e brenha"; (2) no nome do protagonista, ser civilizado, Jenzirico, a ter seu duplo registrado no nome de personagem primitivo, Jinjibirro, que efetivamente pratica a ação antes tentada pelo personagem principal; (3) no nome dos oponentes, Zevasco e Tovasco, cujo vínculo com o protagonista já se deu anteriormente quando o narrador em terceira pessoa conta que Jenzirico pensava seu próprio nome enquanto realidade "vasqueira".