Aquilo que é impresso conserva as marcas das dobras e dos desdobramentos
que nele foram feitos e que indicam algo que houve ali, que não está mais, mas
que, ainda assim, se faz presente de outra forma. No entanto, tais marcas não
são apenas o vestígio físico, percebido na superfície do papel pelo toque ou
olhar. São, além disso, as palavras que, registradas pela grafia e pela tinta,
dobram e desdobram fragmentos de Grande Sertão: veredas, de João
Guimarães Rosa, para compor os textos jornalísticos da série “Sertão Grande”,
publicada em 2012 pelo jornal Estado de Minas. Em todas as páginas, acima
dos títulos, há citações diretas retiradas do romance de Rosa que, neste
trabalho, são lidas considerando a perspectiva de Walter Benjamin (1986) sobre
os fragmentos. A leitura tecida busca perceber, ainda, como o sertão literário do
romance se converte em rastros que, desdobrados nas páginas do jornal
impresso e presentes na zona de contato entre o texto literário e jornalístico,
possibilitam a construção das histórias factuais nos limiares percorridos pela
reportagem.
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