Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras
Dispondo-se a realizar uma leitura global de Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, a partir do problema crítico levantado - que se exprime na pergunta-problema "qual o princípio organizador que rege a dinâmica unidade-diversidade em Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa?" - esta pesquisa tem por objetivo geral compreender aspectos da organicidade das estórias no conjunto do livro, o que se realiza por meio dos seguintes objetivos específicos: 1) defender a dualidade como linha interpretativa; 2) analisar como a dualidade atua nos diversos elementos composicionais da narrativa, especialmente, o enredo, o ponto de vista, a arquitetura do livro e os personagens; e 3) apresentar uma interpretação para o projeto literário que a obra representa. Nessa tarefa, segue um percurso que se divide em quatro grandes etapas, vinculadas aos indícios que encaminharam à construção dessa linha interpretativa. Metodologicamente, optou-se por organizar as análises a partir dos quatro níveis de composição elencados, a saber: 1) o enredo, em que se desvendou o paralelismo de dois enredos, seja nas segundas estórias ou no desenredo; 2) o ponto de vista, marcado pela ambivalência espacial de uma narrador que se aproxima, mas se mantém a distância; 3) a arquitetura composicional, dualizada entre a força unitária de cada conto e a complexa inter-relação e organicidade das partes no conjunto; e, por fim, 4) a caracterização dos personagens, problematizada, dentre outros polos, entre o Bem e o Mal. Assim, não só se confirmou a extensividade do princípio formal da dualidade em Primeiras Estórias, como se pôde perceber sua efetividade em fornecer uma linha interpretativa clara e exequível para análise literária dos diversos contos, tendo em vista, além de uma leitura global, a matéria histórica figurada nessas narrativas. A partir desses resultados gerados pelo exercício hermenêutico foi possível, ao fim, esboçar a sugestão de uma interpretação geral para o projeto literário de Rosa neste primeiro livro de contos curtos, que tem a dualidade ficçãorealidade como matriz de representação de uma cosmovisão dos sujeitos e da realidade social brasileira também ambivalente, sinalizando, portanto, um projeto inovador muito bem executado e a altura das expectativas que 1956 possa ter gerado aos leitores de Guimarães Rosa.
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