Fidelidade e infidelidade são comportamentos humanos corporificados por duas figuras míticas da Antiguidade: Helena e Penélope, personagens dos épicos Ilíada e Odisseia, atribuídos a Homero. Da literatura clássica migraram para a ficção contemporânea. Em Sagarana, de Guimarães Rosa, o tema da infidelidade, e seu avesso, a fidelidade, pode ser descrito a partir de suas aproximações às míticas Helena e Penélope.
Estudo do narrador autodiegético do conto "Minha Gente", de Guimarães Rosa que faz parte do volume intitulado Sagarana. O narrador, que não é identificado, assume perspectiva exterior ao que o cerca, descrevendo as paisagens e os acontecimentos com algum distanciamento e admiração. Daí resulta o descompasso entre a sua percepção e a de José, vaqueiro que o acompanha da estação à casa do tio.
Partindo de elementos orientais e budistas presentes na obra João Guimarães Rosa e de indicações sobre o tema na própria fortuna crítica do autor mineiro, este estudo busca analisar de que maneira referências budistas são utilizadas no conto “Minha gente”, de Sagarana. A investigação desse tópico no texto — uma citação atribuída ao Buda sobre uma técnica de meditação e seus efeitos — é feita considerando o que Francis Utéza explicita sobre a composição de elementos metafísico-religiosos em textos do autor mineiro, na forma como eles coexistem com elementos regionalistas. Além disso, busca-se demonstrar a função que esse dado budista possui na narrativa.
O presente trabalho tem como objetivo investigar os rastros de budismo em produções de João Guimarães Rosa, como alguns poemas de Magma, o conto Minha gente, de Sagarana, o prefácio Aletria e Hermenêutica, de Tutaméia, e a narrativa Cipango, de Ave, Palavra, e, com base nelas, demonstrar a presença de um aspecto da filosofia budista a ideia de existência ilusória dos fenômenos em Grande sertão: veredas, condensado em um raciocínio de Riobaldo sobre a existência do diabo. Lidas através do conceito de paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, em que informações marginais de uma obra podem revelar um dado maior, as referências ao Buda e ao budismo, apontadas nessa pesquisa, explicitarão que a presença budista não é meramente periférica na obra do autor, mas, inclusive, significativa para a construção de uma proposta de leitura de Grande sertão: veredas.
Acredita-se que a polaridade do jogo de xadrez encontra-se enraizada na matéria ficcional de Guimarães Rosa sob matizes diversificados, desdobrando-se em outros jogos, como o do olhar, que delineia, por sua vez, interesses variados, relacionados ao amor, à sedução, ao erotismo, ao interesse político e ao interesse privado, sendo o jogo da linguagem aquele que alicerça a todos. A análise desse discurso ideológico priorizou dois contos de momentos enunciativos distintos (1946 e 1956, respectivamente) na produção rosiana, justamente para tentar aclarar a perspectiva enxadrística de uma maneira mais enfática em um, e mais subjacente em outro: Minha gente e Buriti. No tabuleiro destas duas estórias, o viés mítico, atado ao feminino, e o psicanalítico freudiano, em especial, aparecem, quando convocados pelo texto literário, para embasar a análise.
O presente trabalho tem como base teórico-metodológica a Estética da Recepção, corrente de teoria literária surgida no final da década de 1960 em oposição aos dogmas marxistas e formalistas, na medida em que eles ignoram o papel do leitor enquanto principal destinatário da obra literária. A pesquisa está centrada em uma abordagem hermenêutica e embasada em uma leitura que relaciona a literatura e a sociedade, tendo em vista que é possível encontrar ecos de ideais humanistas dentro da obra como um todo, mas, principalmente, dentro dos contos que serviram de corpus para este estudo. Desse modo, seguindo o viés metodológico postulado por Jauss (1921-1997), no qual o sentido da obra deve ser buscado dentro de uma constituição dialética entre o próprio texto e o leitor, este trabalho traça um exame dos contos “A volta do marido pródigo” e “Minha gente” de Sagarana, sobretudo no que concerne aos vínculos temático-formais e à análise da construção dos personagens dos contos mencionados. Nestas narrativas, é possível identificar lides políticas e amorosas que se desenvolvem paralelamente ao longo da trama, em linhas gerais, é retratada a forma do exercício da política partidária e das relações familiares no Brasil do início do século passado, cada conto molda essas temáticas à sua própria maneira, um de forma mais cômica, privilegiando os aspectos políticos e sociais, outro enfatizando as relações familiares. Em “A volta do marido pródigo”, depara-se com um protagonista de evidente procedência folclórica, dentro de uma narrativa que dialoga com a parábola do filho pródigo e com a fábula esópica do cágado e do sapo. Em “Minha gente” encontra-se uma história em que é estabelecida uma relação entre a vida dos personagens e o jogo de xadrez. Embora guardem diferenças significativas entre si, as narrativas que aqui nos servem de corpus possuem muitos aspectos em comum. Este trabalho levou em consideração estudos já consolidados acerca de Sagarana como o é o de Álvaro Lins em Mortos de sobrecasaca, bem como outros, mais recentes, de pesquisadores como Luiz Roncari (O Brasil de Rosa: o amor e o poder), Gilca Seidinger (Guimarães Rosa ou a paixão de contar: narrativas de Sagarana), Nildo Benedetti (Sagarana: o Brasil de Guimarães Rosa) e Sílvio Holanda (Rapsódia Sertaneja: leituras de Sagarana).
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