Três dias após tomar posse na Academia Brasileira de Letras, João Guimarães Rosa, o mais recente imortal da Casa fundada por Machado de Assis, vem a falecer, deixando consternados não apenas seus confrades, mas o país inteiro. Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre a imortalidade do escritor de Cordisburgo em três movimentos. Com base nas reflexões de Maurice Blanchot, em “A literatura e o direito à morte” (1997), investiga-se as relações entre morte e imortalidade: primeiro, tentando compreender a repercussão que o evento da morte de Rosa teve na mídia nacional, a partir de hemeroteca criada e mantida pela Academia Brasileira de Letras; segundo, analisando a imortalidade através da linguagem, ao evidenciar de que maneira o autor se imortaliza com sua literatura e pelos desdobramentos crítico-criativos que sua obra provocou; e, terceiro, procurando compreender como o autor imiscui-se em sua própria literatura ao fazer-se personagem de si mesmo, imortalizando-se na e pela linguagem.
Le discours inaugural de Guimarães Rosa à l'Académie Brésilienne de Lettres reste un texte très peu étudié. À la fois énigmatique et spéculaire, en lui vit l'art rosien de parler de soi-même en parlant d'un autre. Les personnages cités au long du discours, et spécialement la manière dont ils sont morts, cacheraient-ils un ensemble de mystères encore plus grand? En outre, le fait de devenir un immortel au moment d'occuper une chaire à l'Académie, justifierait-il la peur que Rosa avait de mourir?