A relação do homem com o ambiente é refletida, em parte, na nomeação dos lugares que ele ocupa, sendo a Toponímia responsável pelo estudo desses nomes. Este trabalho objetiva estudar a obra de Guimarães Rosa – Grande sertão: veredas –, a partir dos topônimos nela constantes, de acordo com a teoria da intencionalidade, buscando analisar a motivação toponímica e a rosiana na formação dos topônimos. Rosa descreve: “[...] Descemos a Vereda do Ouriço-Cuim, que não tinha nome verdadeiro anterior, e assim chamamos, porque um bicho daqueles por lá cruzou.” (ROSA, 2001, p. 416, grifo nosso). Temos, pois, nesse trecho, a prova da intencionalidade e da criação de toponímica de Rosa. Verifica-se a recorrência de uma motivação tradicional, por semelhança direta, justificada pela presença do próprio bicho nomeador do topônimo. Percebemos a relação ambígua, mas necessária, da palavra e do objeto para a consolidação da experiência e da memória. Nesse viés, é preciso saber os
mecanismos utilizados em Grande Sertão: veredas para que o leitor construa o significado dos
topônimos e estabeleça uma relação entre ele e os demais elementos da obra, sendo, pois, o
estudo da intencionalidade toponímica de grande relevância, já que os topônimos sempre possuem conteúdo informativo.
Esta pesquisa discorre sobre os topônimos no contexto de Grande Sertão: Veredas.
Apresenta-se, para tal, o levantamento da toponímia presente na obra, seja real ou imaginária,
classificado de acordo com as taxionomias propostas por Dick (1990), divido em natureza
física e antropocultural, cujas taxes representariam os principais padrões motivadores para a
escolha do topônimo. O presente trabalho tem por objetivo relatar as atividades desenvolvidas
e os resultados obtidos pelo estudo dos topônimos presente em Grande sertão: veredas, de
João Guimarães Rosa. Este estudo integra o projeto “‘Enciclopédia do Grande Sertão”, que
objetiva a elaboração de uma enciclopédia que discorra sobre diversos pontos, contribuindo
para a bibliografia sobre a obra de Rosa. A pesquisa sobre os topônimos foi viável em virtude
de sua grande incidência no contexto da obra de Rosa. Primeiramente, foi feito o
levantamento dos topônimos presentes na obra. Para direcionar a pesquisa, usamos como base
teórica Dick (1990), Costa (1997), Barbosa (1995) e Cunha (1986), entre outros. Os
topônimos, após o levantamento feito, foram estudados etimologicamente para que pudessem
ser classificados taxionomicamente. A partir daí, pode-se verificar que as taxes listam os
principais padrões motivadores para a escolha do topônimo, os quais se transfiguram em
processo memorialístico.