O estudo da geografia das tramas romanescas proporciona uma insuspeita rota de acesso àsentranhas do funcionamento da ficção. Como demonstram trabalhos recentes no campo da ge-ocrítica, a implicação biunívoca entre texto literário e contexto geográfico é determinante dasinjunções espaçotemporais das narrativas. A partir da hipótese de que o embate “sertão” x “ci-dade” constitui uma dominante subjacente a alguns entre os momentos-chave do romancebrasileiro no século XX, este artigo propõe um breve roteiro para o mapeamento desses livrosdecisivos da nacionalidade. A cartografia, sustenta-se, pode fornecer uma conveniente mesade navegação para a travessia diacrônica da história literária, permitindo igualmente avaliarno quadro do mapa as transformações dos pressupostos geopolíticos e ideológicos da prosaromanesca. O rastreamento de episódios ficcionais em cartas contemporâneas da escrita doslivros – bem como da cronologia da narração – permite colocar em relação no tabuleiro sim-bólico da cartografia literária os vetores mais importantes das cronotopias narrativas e da elo-cução da figuratividade do espaço. Machado de Assis e Guimarães Rosa são os romancistasque orientam os diferentes modos de percepção do espaço ao longo do século, em paralelocom as metamorfoses territoriais do Brasil.