Ao compor suas narrativas, Guimarães Rosa objetiva a representação da
oralidade por meio da escrita. Buscamos apresentar alguns aspectos da configuração
narrativa presentes no livro de contos Sagarana, no qual há a presença marcante do
narrador sertanejo disposto a contar suas estórias para um ouvinte de um universo
culturalmente distinto. Ao ficcionalizar a oralidade, tanto no plano da forma quanto do
conteúdo, o narrador aproxima, não apenas o oral ao escrito, mas o popular ao erudito.
Para verificar as estratégias ficcionais utilizadas pelo autor para atingir esta mescla,
consultamos: Câmara Cascudo, Walter Benjamin, Mikhail Bakhtin, Vladimir Propp,
entre outros. Guimarães consegue demonstrar que a fixação do texto na escrita não
se caracteriza como limitadora para as situações de oralidade, pois em Sagarana é
possível vislumbrar o quão valoroso é o compartilhamento de costumes e valores
urbanos aos sertanejos.