Esse artigo trata da representação em Tutameia considerando os deslocamentos dos limites das linguagens literárias miméticas da tradição aristotélica efetuados na ficção de Rosa. Para isso, considerarei as acepções de mimese clássica e realista que tomam a forma como mediação a modelos. O tipo de representação efetuada em Tutameia recusa a adequação a modelos e o referente como protótipo e propõe a representação como processo produtivo.
No último trabalho editado por João Guimarães Rosa em vida, Tutaméia:
terceiras estórias, ditos e não ditos ironizam pressupostos das acepções clássica e realista de
representação. A crítica fez certo silêncio nos primeiros vinte anos de edição de Tutaméia, o
que proponho como uma reação ao tratamento irônico de modelos de representação, clássico e
realista, e de expectativas por eles suscitadas. O objetivo desta comunicação é considerar que,
ao ironizar aqueles padrões de mimese, Tutaméia produz indeterminação.