A novela “O recado do morro” de Guimarães Rosa, pertencente ao ciclo de O corpo de baile, é “a estória de uma canção a formar-se”, como declara o próprio autor. Essa “canção” desdobra-se em dois planos, dois textos paralelos: a narrativa do “recado” e o próprio “recado”, ambas realizando-se por meio da tradução (mediação, transmissão, decifração). De um lado, trata-se da salvação de Pedro Orósio da trama armada por sete rivais, com a finalidade de matá-lo, porque consegue agir no momento exato graças à decifração ou tradução de uma mensagem; de outro, da constituição da identidade do protagonista, cujo trajeto percorrido espacialmente corresponde a um percurso de aperfeiçoamento interior: ao ser capaz de traduzir a mensagem, ele passa da condição de ignorante à de senhor do próprio destino. Neste artigo esse processo de formação é tratado como uma tradução, ou seja, como um processo de construção da interpretação adequada de um texto.
O trabalho propõe ao leitor acompanhar o percurso de formação do protagonista de Grande sertão: Veredas mediante a experiência do amor. Com o objetivo de analisar como esse sentimento promove em Riobaldo o aprendizado, o estudo descortina, por meio da constatação do pacto e pela busca do sentido da vida, seu constante processo de transformação interior.
A partir da ideia de Romance de formação, o presente texto traz um diálogo entre os autores Bruno Pucci e Christian M. Mwewa. O debate está alicerçado na Teoria Crítica e Literatura. A “conversa” gira em torno de três romances, quais sejam: Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra; Un amour de Swann; Grande Sertão: veredas. O texto inicia como um ‘diálogo’ para tomar a forma de ‘debate’ e por fim transforma-se em uma ‘conversa’. Estes três níveis ‘diálogo, debate, conversa’, de alguma forma, buscam reafirmar a dialetica presente nos romances.