Este trabalho tem por objetivo abordar a questão da estigmatização a partir de uma leitura do conto "A Benfazeja" de Guimarães Rosa. Para a realização desse objetivo fizemos uma revisão do conceito e da classificação de estigma proposta por Erving Goffman e, com base nesses dados, analisamos as personagens de “A Benfazeja” e como o conto mostra os corpos e as identidades dos personagens sendo socialmente construídos. Incidentalmente são feitas algumas considerações sobre a posição do narrador em relação às personagens e ao narratário e sobre os mal-entendidos relacionados às teorizações de Erving Goffman e da assim chamada Escola de Chicago.
Este texto se propõe analisar o aforismo “Atitudes a respeito da práxis: efeito, vivência, comoção”, do livro Teoria Estética, de Theodor Adorno, na tentativa de se aproximar do sentido e da abrangência do conceito “a obra-de-arte como práxis”; e, por meio desse exercício teórico, dialogar com o conto de Guimarães Rosa, “A Benfazeja”, do livro Primeiras Estórias, investigando seu efeito social e o movimento para a maioridade dos personagens e dos leitores. Serão abordados os seguintes eixos teóricos do aforismo: a relação entre a arte e a teoria na práxis; o efeito social como a relação direta da arte à práxis e o engagement como uma força estética produtiva; a experiência de interpretação da obra-de-arte enquanto irrupção da objetividade na consciência subjetiva e formação da consciência. Em “A Benfazeja”, à luz dos eixos teóricos expostos, serão tensionados os tópicos: a reencarnação da hibris do herói trágico na debilidade física da mulher sertaneja e sua sina de salvar a comunidade, sacrificando-se a si mesma; o discurso crítico do que vem de fora, narra os acontecimentos e desenvolve tentativas de formar as consciências das pessoas do lugarejo; a exortação final do narrador na esperança de que as gerações futuras rasguem o véu de Maia e enxerguem o verum dos fatos; a arte em “A Benfazeja” como expressão de uma práxis produtiva.