O objetivo deste trabalho é analisar como João Guimarães Rosa reinterpreta o mito clássico de Dionísio em "A hora e vez de Augusto Matraga"; última novela de Sagarana. A estrutura mítica que possui a novela confirma-se não só pela trajetória de queda e ascensão de Matraga que a identifica com o mito clássico grego (além de outras narrativas como a biografia de São Francisco de Assis), como também pelos elementos míticos intrínsecos na narrativa. Nessa reinterpretação mítica também podemos reconhecer, na nova postura de Matraga, um comportamento histórico do Brasil dos anos 30 e 40. Assim, temos, na atualização do mito dionisíaco, a racionalização do mesmo quando podemos enxergar nele uma discussão histórica em torno do Coronelismo vigente da época. Matraga, ao regenerar-se, deixa exemplo de comportamento para cada indivíduo de seu povoado na sua trajetória de renascimento (viés mítico) e, nesse novo comportamento, traz um início de nova ordem para o coronelismo local (viés histórico).