Pesquisa do Centro de Metrologia em Química do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) comprovou a existência de substâncias tóxicas em tintas para tatuagem. Por meio de solicitação da promotora do Ministério Público Estadual, provou-se a existência de benzeno e metais pesados em tintas da marca Supreme, cujo produto não está registrado junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
As substâncias encontradas no estudo podem ocasionar câncer e afetar o cérebro. Segundo a pesquisadora responsável pela análise, Helena Lima de Araújo Glória, “a amostra foi analisada a partir dos compostos orgânicos e inorgânicos”. O resultado detectou a existência de benzeno acima de 2 ppm (partes por milhão). “Essa é a substância mais crítica, porque o benzeno é muito cancerígeno e muito tóxico”, explica.
De acordo com a Fundacentro, do Ministério do Trabalho e Emprego, o benzeno é um composto orgânico cancerígeno muito perigoso à saúde, tendo valor máximo de exposição suportável de 1 ppm. Além do benzeno, outros elementos prejudiciais à saúde humana em alta concentração, foram detectados, como zinco, cobre, titânio, titânio, níquel. “Foi feito uma análise qualitativa, para ver quais os metais preponderantes, e depois também análise quantitativa dos principais metais”, explica Helena.
O ensaio da análise qualitativa foi realizado por espectrometria de raio-X, já a análise quantitativa foi feita por espectrometria de plasma. Segundo a pesquisadora, “o teor mais alarmante” foi de cobre, que chegou a 4.000 ppm. A solicitação para a realização dos ensaios da tinta veio por meio do promotor de justiça do Estado de São Paulo, Cássio Roberto Conserino. A análise verificou a composição química de duas amostras da tinta em questão. Segundo o responsável pelo Centro de Metrologia em Química do IPT, Miguel Papai Jr, não houve comparação dos resultados com outras tintas para tatuagem.
“Não comparamos essas tintas a nenhuma outra, o que seria interessante, mas isso não foi feito porque foi um pedido especial da promotoria para realizar os ensaios. Quem deu o parecer de problemas ou não foi um profissional da medicina que realizou esse trabalho. A gente se limitou a expressar o resultado que nós achamos”, explica.
As substâncias tóxicas com o tempo, e exposição excessiva, podem ocasionar demência, perda de memória, da capacidade de raciocínio e de coordenação. Os produtos utilizados no processo de pigmentação artificial permanente da pele devem ter registro junto à Anvisa. Atualmente, apenas três marcas podem ser utilizadas no país: Iron works, Eletric ink e Starbrite. Todas têm a autorização da Anvisa.