O pesquisador Roberto Vicente desenvolveu junto a um grupo de pesquisadores o que ele chama de “Conceito de Depósito Final” para um tipo de rejeito radioativo: as fontes seladas fora de uso. O conceito foi produzido no Centro de Rejeitos Radioativos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
Esse conceito trabalha com a ideia de que o rejeito radioativo deve ser colocado em algum lugar, cujas possibilidades de interferência humana sejam praticamente nulas. “A ideia é de um sistema para a colocação de um rejeito definitivamente no ambiente”, afirma Vicente.
O nome dado foi Poço Tubular Profundo - conhecido internacionalmente como Borehole Disposal. Nele, uma estrutura tubular de aço com cerca de 15 a 20 de diâmetro e 400 de profundidade é colocada em uma rocha e o espaço entre a rocha e o aço é preenchido com cimento, a fim de impossibilitar qualquer tipo de movimentação do tubo. As fontes seladas são depositadas no fundo do poço, até uma altura de aproximadamente 100 metros. O espaço até a superfície é preenchido com concreto, para impedir ou dificultar o acesso aos rejeitos no futuro.
Modelo de acordo com o conceito proposto/Acervo pessoal
Vicente ressalta que o tubo não poderia ser depositado em qualquer tipo de ambiente. Para que isso ocorra, é necessário que o meio geológico apresente características favoráveis para a deposição: não possuir água circulante - principal vetor de transporte do material radioativo para o ambiente; ser geologicamente estável; ser uma rocha homogênea, extensa, grande profundidade, sem recurso mineral que possa vir a ser explorado no futuro. O local escolhido também deve ser afastado - alguns quilometros de distância de um povoamento, porém, não precisa ser necessariamente um lugar isolado.
Para que esse conceito entre em prática é necessário que o projeto seja analisado por especialistas de várias partes do mundo, a fim de que nenhum detalhe analítico fique esquecido e que no fim o conceito tenha um carimbo de qualidade científica e tecnológica. Caso essa aprovação ocorra, o projeto é submetido à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que fará uma análise do ponto de vista da legislação brasileira, além de incluir um local, já que ainda não foi encontrado um local. O CNEN, que é o órgão regulador precisa aprovar a documentação para que o projeto sejaaun aprovado em auditorias públicas. Caso não ocorra a aprovação, um novo local é selecionado e o processo recomeça.