ISSN 2359-5191

07/08/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 43 - Meio Ambiente - Instituto de Pesquisas Energéticas
Automóveis à base de gasolina e diesel são os principais emissores dos compostos orgânicos voláteis precursores de ozônio
Camada de poluição no horizonte paulistano/Reprodução

Um estudo desenvolvido por Débora Alvim, doutoranda na época do Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen), buscou mostrar quais são os principais Compostos Orgânicos Voláteis (COV) que atuam como precursores do ozônio, um dos principais poluentes da Região Metropolitana de São Paulo.

Os Compostos Orgânicos Voláteis (COV) podem ser definidos como todos os compostos contendo carbono e que  participam de reações fotoquímicas na atmosfera, excluindo carbono elementar, monóxido e dióxido de carbono, ácido carbônico, os carbonatos metálicos e de amônio dentre outros. Existem outras definições como qualquer composto que participe de reações fotoquímicas na atmosfera, que têm pressão de vapor maior que 10 Pa a 25 ° C, compostos com 15 átomos de C ou menos. Eles constituem uma classe de poluentes do ar emitidos na atmosfera predominantemente pela frota veicular na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)- combustão de combustíveis fósseis e perdas evaporativas - e por processos industriais.

Os COV vêm sendo mais estudados devido aos problemas que podem acarretar ao meio ambiente, dentre os quais destacam-se a toxicidade que alguns desses compostos apresentam aos seres vivos, além de outros prejuízos oriundos da formação fotoquímica de substâncias oxidantes. Sendo assim, como efeito indireto dos COV, têm-se especialmente a formação de ozônio troposférico. Uma vez que no Brasil não existem padrões de qualidade do ar para COV e são escassos os dados de concentrações destes em atmosferas urbanas, este trabalho visou determinar as concentrações destes compostos na cidade de São Paulo.

O ozônio (O3) é um dos poluentes que representa grande preocupação em termos de qualidade do ar na RMSP. No ano deste estudo (2012) foram observados 98 dias de ultrapassagens do padrão horário da qualidade do ar para este poluente na RMSP. A exposição aos poluentes atmosféricos como O3 e outros está associada ao prejuízo da saúde respiratória. O enfoque deste estudo foi determinar os principais COV precursores de O3 para auxiliar no controle deste poluente.

Para obter tais dados, Débora coletou amostras de duas estações de monitoramento do ar da CETESB: Cerqueira César e Ipen/USP. As amostras eram então colocadas em globos de aço inox de 6 litros, eletropolidos internamente para COV do tipo hidrocarbonetos e em cartuchos para COV do tipo aldeídos e álcoois. Para a análise dos hidrocarbonetos foi utilizado o laboratório de química atmosférica do Ipen. Já o etanol foi analisado em laboratório da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) em Resende-RJ, pelo Professor Dr. Sérgio Machado Corrêa. Este trabalho foi orientado pela Dra. Luciana Vanni Gatti.

Os dez COV mais abundantes em termos de concentração na atmosfera nos anos de 2011/2012 identificados na estação CETESB Ipen/USP foram etanol, acetaldeído, formaldeído, acetona, propano, eteno, etano, butano, 1-etil-4-metilbenzeno e 1,2,4-trimetilbenzeno. Os aldeídos representaram 35,3% dos COV analisados, seguido pelo etanol com 22,6%, aromáticos 15,7%, alcanos 13,5%, acetona 6,8%, alcenos 6,0% e alcadienos menor que 0,1%”, diz Débora.

A partir do estudo de 2011/2012, Débora pode observar que os principais precursores de ozônio pertenciam à classe dos aldeídosuma vez que foram responsáveis por cerca de 74% da formação de ozônio na atmosfera da RMSP. Logo depois aparecem os aromáticos com 14,5%, os alcenos 10,2%, os alcanos 1,3% e alcadienos (isopreno) 0,03%. “Estes resultados são importantes para apontar quais medidas seriam eficientes no controle da formação de ozônio na atmosfera”.

Considerando as emissões da classe dos aldeídos, dentre os compostos desta classe, o acetaldeído foi o principal composto precursor de ozônio na RMSP, os veículos a etanol representaram 32% da emissão de aldeídos, seguido por 31% gasolina, 29% diesel e 8% motocicletas, considerando que na RMSP a frota a etanol representa 28% dos veículos e a diesel apenas 5%. Apesar dos veículos a diesel representarem apenas 5% da frota, este tipo de veículo é responsável por 22% da formação de O3, devido a maior emissão de formaldeído, do que veículos a etanol e gasolina. Veículos a diesel emitem em média 25 vezes mais formaldeído do que veículos a etanol e a gasolina.

As emissões dos COV por veículos a gasolina contribuíram com 44% da formação de O3, a diesel 22%, a etanol 19% e motocicletas 15%.

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