Ouve-se cada vez mais que as células de medula óssea estão sendo usadas para tratamento de doenças humanas, e, por incrível que pareça, isso também acontece no mundo animal. Em sua pesquisa de mestrado, Pedro Henrique de Carvalho, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP (FMVZ) realizou uma pesquisa a partir de testes experimentais em cavalos. Com a orientação do professor Luis Claudio Lopes Correia da Silva, do Departamento de Cirurgia da Faculdade, foi feito uma pesquisa acerca de um reparo de defeito na articulação de equinos, utilizando um tratamento diferenciado.
Em casos clínicos de cavalos que apresentam alteração em algum tecido, como falhas naturais ou desgaste da cartilagem, esses animais normalmente passam por um procedimento padrão de ácido hialurônico (substância do organismo que preenche os espaços entre as células). Eventualmente, o tratamento também inclui plasma rico em plaquetas ou concentrado de células da medula óssea, mas não em associação.
Para simular esse tipo de caso clínico, a pesquisa consistiu em induzir um defeito na articulação do animal, desgastando a cartilagem e o osso que fica sob ela. Em um grupo não foi feito nenhum tipo de tratamento específico, apenas o padrão usando o ácido hialurônico. Em outro grupo foi feita a aplicação de células provenientes da medula óssea, associada a um plasma rico em plaqueta e ao ácido hialurônico.
Para avaliar a cicatrização, o tratamento foi de 30 dias (aplicações no 1º, 15º e 30º dia), enquanto o acompanhamento foi feito durante 6 meses. Com a pesquisa, comprovou-se que a cicatrização do grupo tratado com a associação foi muito melhor.
Segundo o professor Luis Claudio, isso ocorre pois enquanto as células provenientes de medula óssea “podem se diferenciar e formar um tecido de reparação similar ao constituinte da matriz cartilagínea”, o plasma rico em plaqueta “leva ao local da cicatrização fatores de crescimento que favorecem a qualidade e aceleram a formação do tecido de reparação”.
A pesquisa foi importante para sanar dúvidas cotidianas presentes nos procedimentos de cirurgia veterinária. Para dar continuidade ao estudo, os testes serão feita em casos clínicos de cavalos que apresentam alteração no tecido.