ISSN 2359-5191

18/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 77 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Pesquisa estuda estação chuvosa no Nordeste
Análise de mais de 30 anos de dados descreve realidade do clima da região Norte do Nordeste brasileiro

Em pesquisa pelo IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), Francisco das Chagas Vasconcelos Júnior utilizou 32 anos de dados pluviométricos para estudar precisamente como se dá a variação da pré-estação e estação chuvosa do Norte do Nordeste Brasileiro, região abreviada como nNEB.

Em sua tese de doutorado, “Pré-Estação Chuvosa e a Estação Chuvosa do Norte do Nordeste do Brasil: Aspectos Interanuais, Intrasazonais e Extremos”, o pesquisador estudou a fundo o clima do nNEB, buscando entender como a temporada e pré-temporada de chuvas muda ano a ano, assim como sua diferenciação. “Muitas vezes a Pré-Estação e a Estação Chuvosa do do nNEB são tratadas como uma só”, ele conta.

Para auxiliar no tratamento dos dados e na análise estatística deles, considerados pelo pesquisador a maior dificuldade no processo da pesquisa, foi alistada a ajuda do professor Charles Jones, da Universidade da Califórnia Santa Barbara (UCSB), especialista em variabilidade climática da América do Sul.

De acordo com a análise realizada por Francisco, a pré-estação chuvosa tem início e fim médio entre 12 de dezembro e 25 de janeiro, respectivamente, com duração de cerca de 45 dias. Já a estação de chuvas tem início médio por volta do dia 9 de fevereiro e fim em 12 de maio, com duração média de 100 dias. Interessantemente, não parece haver relação direta entre o início ou fim da pré-estação e o início ou fim da estação chuvosa, uma descoberta justificada pelo fato de que os dois regimes chuvosos têm sistemas precipitantes distintos.

O trabalho realizado é extremamente técnico, mas isso não significa que não tem aplicabilidade prática. Pelo contrário, aponta o pesquisador: “Os centros regionais de meteorologia do Nordeste, além da Agência Nacional de Águas, podem usar [a pesquisa] para auxiliar políticas públicas relacionadas a liberação de sementes, tempo de colheita e plantio, e auxílio safra”

Questionado sobre a seca enfrentada pelos nordestinos, o físico, que hoje faz seu pós-doc no Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará afirma: “O problema da seca do Nordeste não é uma questão climática. Pois mais de cem anos que conhecemos que esta região é semiárida. A população sofre muito tempo com falta d'água, e até hoje enfrenta-se problemas com a estiagem. Logo é um problema de gestão.” E vai além: “Talvez o problema pode ser sanado com ações relacionados com efetiva mudança de vida do nordestino (e brasileiro) em relação ao uso da água. O Nordeste, e por que não dizer o Brasil, está prestes a sofrer um colapso por falta d'água potável. E isto é preocupante.”

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