Nanopartículas de óxido de ferro são notadamente eficientes como agente de contraste em exames de ressonância magnética. É o que concluiu pesquisa do Instituto de Química (IQ) da USP, que comprovou a efetividade da nanotecnologia como possível substituição do agente tradicional, uma solução composta de gadolínio, elemento químico do grupo dos lantanídeos.
Atualmente, a solução de gadolínio é administrada por meio intravenoso, e sua função como agente de contraste se dá quando ele muda as características magnéticas da água ao seu redor, a qual sofre uma interação com o grande ímã que compõe o aparelho da ressonância. Assim, a área em que é aplicada a solução aparece de forma destacada.
A proposta de substituição do gadolínio pelo óxido de ferro se deu devido a maior compatibilidade do metal com o corpo humano e seu baixo nível de toxicidade. Aliado a isso está sua maior eficiência, o que permite que uma dose menor seja aplicada no paciente. O óxido de ferro pode ser administrado em uma dispersão, que está entre a suspensão e a solução. "As nanopartículas têm características de partículas sólidas mas são muito pequenas, o tamanho equivalente a moléculas grandes. Então há uma fase que chama-se dispersão, que se aplica a nanopartículas", explica Sergio Toma, pesquisador e participante do estudo.
Novos rumos para a ciência
As "bolinhas" de escala nanométrica de óxido de ferro são produzidas no Laboratório de Química Supramolecular e Nanotecnologia, que estuda esse promissor campo da ciência. Porém, tratar com uma escala que está no "meio do caminho" entre o tamanho de moléculas e células pode ser um grande desafio. Mayara Klimuk, pesquisadora de nanotecnologia do IQ admite que há diversas dificuldades nesse campo. "O comportamento da nanopartícula não é tão previsível e seu tamanho é muito pequeno para enxergar no microscópio. Não existem hoje muitos equipamentos que conseguem detectar e testar essas partículas " , afirma.
Mesmo assim, a nanotecnologia tem potencial para atuar em várias áreas: do estudo de matrizes energéticas, passando por saúde, até a despoluição de rios, só para citar algumas. Seus estudos avançam cada dia mais, graças ao surgimento de equipamentos que auxiliam nas pesquisas. É um caminho óbvio, já que esse campo atua das mais diversas maneiras e parece ser um "futuro" da ciência.