Com o objetivo de conhecer melhor a profissão da fisioterapia segundo aspectos demográficos, de formação e atuação profissional, e, com isso, buscar melhorias nas condições de trabalho e na valorização do profissional, Silvia Shiwa realizou sua tese de doutorado “Perfil do fisioterapeuta do Estado de São Paulo” pela Faculdade de Medicina da USP. Este tipo de estudo já havia sido realizado em outros estados, mas em São Paulohaviam muitas suposições, mas pouca informação documentada.
Para a realização da pesquisa, foi tomado como base um questionário online produzido pela Universidade de Londrina, com algumas alterações de acordo com o objetivo da pesquisa. Todos os fisioterapeutas inscritos no Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região, ou seja, do estado de São Paulo, foram convidados a participar da pesquisa respondendo ao questionário. No fim, 2.323 fisioterapeutas contribuíram com suas respostas, gerando resultados dentro e fora do esperado.
Assim como nos perfis de outros estados brasileiros, a maioria dos profissionais são mulheres (80%) e jovens, afinal a especialização só foi reconhecida como profissão em 1969. A pesquisadora credita esta maioria feminina à característica do cuidado e delicadeza da profissão, em sua opinião, uma característica da mulher. “Muitos pacientes da fisioterapia são carentes, idosos, e gostam da fisioterapia pelo tratamento, mas também pela atenção e cuidados que é dado a cada sessão”.
Outra informação que já era esperada é a baixa adesão dos fisioterapeutas aos sindicatos e associações de classe, inclusive desconhecendo o piso salarial da profissão. Questionada pela razão da falta de integração da classe, Silvia acredita faltar conhecimento aos profissionais. “O acesso à informação do valor atualizado do piso salarial também não é fácil, o site do Sinfito (Sindicato da Fisioterapia e Terapia Ocupacional) está desatualizado. A última atualização está em 2013”, comenta a pesquisadora. Apesar das instituições não ajudarem, Silvia também diz que falta a iniciativa de aproximação dos próprios profissionais. “Acredito que falta informação aos profissionais sobre qual a importância dos sindicatos e associações de classe. Ainda é uma profissão individualista, um tanto egoísta”.
Com o recente reconhecimento da atividade profissional, ainda há muito o que progredir para melhorar as condições para sua atuação e ao atendimento, como o maior incentivo da participação no serviço público. Atualmente o atendimento domiciliar é o local de trabalho predominante, recebendo uma baixa remuneração de até R$3.000,00. Mas a grande surpresa para a pesquisadora foi que, apesar destas condições adversas de trabalho – como a baixa remuneração e a falta de reconhecimento –, os entrevistados mantêm a fisioterapia como sua única profissão e fonte de renda, e consideram-se satisfeitos com a área. “Nos surpreendeu a satisfação do profissional, por todas as dificuldades da profissão, nossa hipótese era de que estavam insatisfeitos. Porém foi o contrário”, conclui Silvia.