ISSN 2359-5191

26/01/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 1 - Saúde - Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Uso de tecnologia aumenta o interesse de alunos de Fonoaudiologia
Uso de vídeos, animações e imagens em 3D conquista atenção de alunos, que dizem se sentir satisfeitos com método
Imagem 3D manipulada por alunos com ajuda de software/ Fonte: Reprodução de Software Primal Pictures 2009

Uma sala cheia de alunos com os olhos vidrados nas telas de seus celulares é um cenário de pesadelo cada vez mais comum de todo professor. Mas há quem veja um lado “positivo” nesta fixação pela tecnologia e acredita que é possível transformá-la em motivação às aulas. Entusiasta do uso de tecnologia na educação, Silmara Rondon Melo dedicou a vida profissional ao tema, que mais uma vez ganha destaque em uma de suas pesquisas, dessa vez em sua tese de doutorado, Educação mediada por tecnologia em fonoaudiologia: uma comparação entre três métodos de aprendizagem sobre o sistema miofuncional orofacial, realizada pela Faculdade de Medicina da USP.

Desde sua graduação em fonoaudiologia, Silmara dedicou seu tempo a participações em projetos voltados a educação e tecnologia, e em seu doutorado avalia a funcionalidade de métodos de ensino que se utilizam de atividades virtuais. A escolha pelo Sistema Miofuncional Orofacial (SMFO) se deu por ser sua principal área de atuação e também por ser uma matéria presente desde o primeiro ano da graduação. No estudo foram divididos três grupos de alunos em dois métodos de aprendizado interativo e um método considerado tradicional. O objetivo era avaliar o desempenho prático e a motivação dos estudantes após participarem de cada modelo.

No primeiro era realizado, com a ajuda de um software, um jogo computacional com imagens 2D para abordar questões anatômicas e fisiológicas. No segundo modelo interativo, também eram abordados aspectos anatômicos e fisiológicos com a ajuda de um software, mas desta vez utilizando imagens 3D. Os alunos tinham mais liberdade com esta ferramenta, analisando por vários ângulos as imagens e podendo acionar animações e vídeos relacionados ao assunto. Em ambas, ao final da exposição de cada método (que aconteciam por um hora), os alunos deviam responder a uma série de questões em formato de quiz e recebiam um retorno com seus desempenhos. Por último, o método tradicional consistia na utilização de textos científicos resumidos e imagens 2D congeladas, também abordando anatomia e fisiologia do SMO. Diferentemente dos outros métodos, não houveram questões para serem respondidas após sua aplicação.

Ao realizar o estudo, a pesquisadora tinha duas hipóteses iniciais. Em relação ao desempenho, os estudantes que participassem do método com imagens 3D teriam melhores resultados, seguidos do grupo do método com imagens 2D e, por fim, do grupo do ensino tradicional. Mas o que se obteve foram resultados semelhantes neste quesito. Já a segunda hipótese, em relação a motivação, foi de acordo com o esperado. “Os estudantes que utilizaram o modelo computacional 3D apresentaram um maior grau de motivação, em relação ao processamento motivacional (com altos níveis de atenção e confiança, seguidos de moderado nível de relevância) e ao processamento de resultados (maior grau de satisfação)”, explica Silmara. Apesar do desempenho prático dos estudantes ter sido semelhante nos três métodos avaliados, a pesquisadora destaca que a importância de implementar e avaliar os métodos interativos continua grande. “Quanto maior o nível de motivação do estudante durante seu processo de aprendizagem, maiores são as chances de estímulo do pensamento crítico e de se alcançar efeitos positivos na aprendizagem”, destaca.

A pesquisadora, que foi chamada para construir um livro a partir do projeto, considera que seu estudo já começa a influenciar a cabeça de educadores. O curso de Fonoaudiologia, por exemplo, passa por uma reformulação em sua grade curricular onde serão inseridas atividades educativas mediadas por tecnologia. “Os resultados da pesquisa poderão auxiliar no desenvolvimento de objetos educacionais interativos e no planejamento de seu uso dentro da sala de aula e também dentro das atividades práticas no hospital”. Apesar de algumas dificuldades, como a barreira financeira, o uso da tecnologia de maneira integrada ao curso tradicional tem o poder de recuperar alunos desinteressados a partir de seus próprios gostos. Silmara diz que é preciso conhecer e explorar cada vez mais este potencial, já que seus benefícios são maiores que suas dificuldades. “Os estudantes se tornam mais engajados e interessados em aprender e impor seus esforços nas tarefas quando há uso de tecnologias interativas”, conclui.


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