"Trabalhar a ideia de como integrar essas nuvens diferentes, criando uma federação de nuvens computacionais". Com essa frase, pode-se resumir o objetivo da pesquisa de Gabriel Winckler, do Instituto de Matemática e Estatísitca (IME) da USP. No seu projeto de mestrado, Winckler baseou-se no conceito de computação em grade.
O crescimento das chamadas nuvens computacionais tem ocorrido bastante nos últimos anos. "É a ideia de guardar informações, utilizar programas e processar dados em computadores que não estão próximos. Tudo isso está disponível na internet de alguma forma", como afirma Gabriel. Assim, é possível utilizar os recursos dessa rede, que pode ser exemplificada com o dropbox ou o serviço do gmail. "Os dados ficam naquele servidor, nada fica no seu computador efetivamente". Isso tem facilitado bastante o uso de recursos computacionais por usuários, bem como o surgimento de novos negócios e startUps. "É uma área ganhando bastante importância, um mercado bastante significativo, tendência tecnológica nos próximos anos", diz o pesquisador.
A disponibilidade dessas nuvens ocorre, geralmente, através de datacenters. "A princípio tem-se uma possibilidade, que é contratar um provedor que disponibiliza esse recurso pra você, como a amazon ou o google, alugando máquinas virtuais. Hoje eu posso alugar uma máquina nesses provedores para fazer o processamento de dados". Qualquer pessoa, com seu cartão de crédito, pode alugar por hora essa nuvem pública. O que vem ocorrendo é que muitas instituições e empresas têm criado suas próprias nuvens. A pesquisa de Winckler atua nesse ponto. "A própria USP tem a nuvem dela. Colocou seus computadores num datacenter, e disponibiliza sua máquina virtual para os seus pesquisadores. Eu, como pesquisador, posso alugar sem gastos essa nuvem da USP."
Além da USP, há outras instituições de ensino e pesquisa criando suas nuvens, como por exemplo a Unesp. "A minha pesquisa é justamente trabalhar a integração dessas nuvens diferentes, para que, por exemplo, um pesquisador da USP, considerando que a nuvem desta universidade está superutilizada, possa acessar temporariamente a da Unesp para fazer o processamento de dados desejado". Assim, cria-se uma federação de nuvens computacionais, "conseguindo compartilhar recursos com profissionais de várias instituições diferentes".
A pesquisa já passou por testes, bem sucedidos, mas ainda não foi posta em prática completamente. "Fizemos um teste, ainda ativo, mas não consegui implementar isso de maneira ampla, então a utilização está bem limitada no momento". Apesar disso, que ocorre por um impasse mais burocrático do que técnico, Winckler crê em uma propagação futura desses compartilhamentos: "Eu gostaria de que fosse logo utilizado", afirma, mas os impasses fazem com ele creia que isso "ainda vai levar algum tempo" para ser utilizado em grande escala.