Desenvolver habilidades necessárias e desejosas na resolução de problemas matemáticos através de jogos. Essa é uma das atividades promovidas no Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP.
A ideia da utilização dos jogos para o aprimoramento de habilidades matemáticas veio de uma inspiração de atividades observadas em outros países, como diz Rogério Chaparin, coordenador do curso. "Nossa tarefa é fazer oficinas para professores da rede pública, desde aqueles do ensino fundamental ao médio. Mas gostamos bastante de trabalhar com as séries iniciais". Os cursos semestrais acontecem desde 2012, com diversos temas, seja geometria, aritmética, álgebra. "Tentamos trazer elementos novos, atividades que são um apanhado de coisas propostas em outros países". É interessante observar que os jogos possuem concepções diferentes em cada um dos locais observados: "Em Portugal o que se considera jogos são aqueles de tabuleiro, então trouxemos uma ala desse tipo. Para os ingleses qualquer exercício diferenciado é considerado jogo, e na França isso é feito a partir de atividades lúdicas, desafios".
O curso, entretanto, é muitas vezes compreendido de maneira errada. "A questão principal é que as pessoas têm uma certa visão quando falamos do curso, acham que é uma metodologia para aprender um assunto específico". Para Rogério, porém, a matemática é uma matéria muito abrangente, e na sua visão ela é um agente de "desenvolvimento do pensamento, competências e habilidades fundamentais para as pessoas", como a observação, o trabalho com regras, a perseverança, o esforço e até mesmo a aceitação da derrota. "Quando se trabalha com jogos diretamente a algum assunto, eles se tornam apenas reforços", afirma Chaparin.
O que as oficinas fazem é trabalhar com perguntas, com problematizações. "Questionamos, por que tal peça do tabuleiro está aqui e não ali? Tentamos estimular habilidades necessárias para a matemática através dos desafios, das atividades". Os cursos são dados para professores, para que eles eventualmente apliquem nas salas de aula. "Consegui aprender bastante nessa pesquisa, há muitos trabalhos nessa área, e experiências muito boas". Rogério recentemente teve contato com uma professora que aplica alguns desses jogos diretamente nas salas. "Ela me disse que em dois anos já há mudanças claras. Os alunos estão mais concentrados, ouvindo mais atentamente, mais focados, e isso vai dentro dessa linha teórica, procurando estimular habilidades que são boas na matemática através dos jogos", conclui.