São Paulo (AUN - USP) - O Projeto Unidades Móveis (PRUMO) do IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas sediado na USP, pretende ampliar, até o meio do ano, sua área de atuação para o setor de confecções. Atualmente, o projeto conta com veículos-laboratório capacitados para atender seis setores: plásticos, tratamento de superfície, borracha, madeira e móveis, couro e calçados e cerâmica.
Vicente Mazarella, idealizador do PRUMO, relata que a criação de um veículo com um laboratório especializado para o atendimento de empresas no setor de confecções apresenta uma boa perspectiva de atendimentos. Segundo ele, há uma alta demanda pelo serviço nas pequenas empresas brasileiras, que têm sofrido muito com a concorrência chinesa.
O PRUMO iniciou suas atividades no ano de 1999, atendendo, inicialmente, apenas o setor de plásticos. A idéia do projeto surgiu depois de uma viagem à Colômbia, onde Mazarella identificou uma limitação comum às 16 empresas, de pequeno a grande porte, que visitou: a falta de equipamentos para se detectar in loco e rapidamente determinados problemas. Quando essas empresas identificavam alguma deficiência em sua produção, a prática comum era enviar uma amostra dessa deficiência a alguma universidade próxima; assim, a identificação do problema demorava, no mínimo, de 10 a 15 dias.
Hoje, com o envio dos veículos-laboratório, ou unidades-móveis, do PRUMO diretamente às empresas, os atendimentos costumam durar, em média, apenas dois dias. E nesses dois dias, efetua-se não só a identificação do problema, mas também a proposta e a implementação da sua solução. Esse, segundo Mazarella, é o diferencial do atendimento PRUMO em relação a uma consultoria.
Cada veículo, transporta duas pessoas, um técnico e um engenheiro, de grande experiência industrial. O objetivo é que o atendimento PRUMO seja feito por profissionais que já tenham vivenciado todos os problemas apresentados pelas empresas que contratam o serviço. Na verdade, mais do que vivenciado os problemas, os profissionais já devem ter posto em prática as suas soluções.
Muito além do Estado de São Paulo
Mazarella conta que o projeto já atravessou fronteiras estaduais e nacionais. O Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), já comprou 35 unidades móveis. Até agora, 14 foram distribuídas a sete estados brasileiros. O Instituto Nacional de Tecnología Industrial, na Argentina, recebeu um treinamento da equipe do PRUMO. Atualmente, ele negocia com o IPT o aluguel de uma unidade móvel. Moçambique e China também demonstram interesse pelo projeto, sendo que aquele já até financiou uma viagem para Mazarella ir até lá e demonstrar seu projeto. O país possui recursos do Banco Mundial para investir no setor de cerâmica local.
Etapas do atendimento
A primeira fase do atendimento é o diagnóstico. Os técnicos visitam a empresa para conversar com o dono e os funcionários, a fim de verificar se os problemas narrados são efetivamente os problemas existentes e, ainda, se não há outros problemas despercebidos. A partir daí, é possível a execução da segunda fase do PRUMO, que é o atendimento de fato; demonstram-se os problemas, sugerem-se as soluções e inicia-se a implementação delas.
Se dois dias forem suficientes para a identificação e a resolução dos problemas da empresa, como usualmente ocorre, esta não precisará desembolsar sequer um centavo para pagar o serviço. O custo estimado para esse período de atendimento é de R$3 mil, dos quais 80% são pagos pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e 20%, subsidiados pelo Governo do Estado de São Paulo. Mazarella relata que a verba prevista para o PRUMO no ano de 2007, depois de dois cortes, é suficiente para apenas 380 atendimentos. Sabendo que cada uma das 12 unidades móveis existentes tem a capacidade de realizar de sete a oito visitas por mês, no mínimo 628 atendimentos, que poderiam ser realizados, serão desperdiçados esse ano.