ISSN 2359-5191

08/05/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 15 - Meio Ambiente - Instituto de Pesquisas Energéticas
Pesquisa com biomassa aponta solução para efluentes ecologicamente nocivos
Pesquisadores de instituto associado à USP desenvolvem materiais capazes de remover poluentes como o petróleo e efluentes radioativos do meio ambiente

São Paulo (AUN - USP) - Diversas atividades necessárias à indústria, como a queima de carvão mineral e a produção de ácido fosfórico para fertilizantes agrícolas, geram efluentes radioativos como o tório e o urânio. O descarte destes rejeitos consiste, na maioria dos casos, simplesmente em estocá-los em depósitos a céu aberto. Quando sujeitos à ação da chuva, esses efluentes penetram nos lençóis freáticos, poluindo-os. Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), autarquia ligada à USP, aponta uma possível solução para o problema.

A pesquisa foi realizada e funciona com metais pesados e radioativos dissolvidos em meio líquido – embora os metais em meio sólido possam ser transferidos para o meio aquoso – e consiste em associar biomassa (usada como adsorvente) aos íons pesados e radioativos, gerando um composto que pode ser separado através de processos como a filtração. O composto resultante pode então ser incinerado – apenas a biomassa é queimada e o restante (os íons metálicos) pode ser reaproveitado pela indústria. Além disso, está sendo pesquisada a associação da biomassa à magnetita, o que possibilitaria a separação magnética do adsorvente de meio aquoso, muito mais simples do que a filtração para a reprodução do procedimento em grande escala.

Até o momento foi pesquisada a utilização da palha de coco, da casca de banana, do bagaço de cana-de-açúcar e da quitosana (proveniente da casca de crustáceos) como adsorventes. Cada um deles apresenta uma efetividade de remoção diferente para cada metal pesquisado, entre os quais estão o urânio, o tório, o cromo e o chumbo. A palha de coco apresentou os índices de remoção mais promissores para o tório e o chumbo, enquanto a quitosana remove com maior eficiência o urânio e o cromo, ambos com índices de remoção próximos ou superiores a 90% em uma única passagem (a repetição do procedimento aumenta a efetividade da remoção para quase 100%).

Além da remoção de metais tóxicos e radioativos, tem sido pesquisado o uso da quitosana magnética para a remoção do petróleo derramado no mar – seria possível passar um magneto por cima da área atingida depois que o petróleo fosse associado à biomassa com magnetita. Assim, o petróleo retido pela biomassa magnética seria atraído pelo magneto e poderia ser facilmente retirado. O que fosse retirado poderia então ser encaminhado às refinarias para a utilização do petróleo.

Uma vantagem dessa pesquisa é a grande disponibilidade da biomassa utilizada na remoção desses metais, à exceção da quitosana, que precisa ser manufaturada para ser utilizada (a quitosana é obtida a partir do processamento da quitina, essa sim extraída diretamente das cascas de crustáceos). Embora as pesquisas ainda não tenham chegado ao estágio de estudos de viabilidade, o uso desses tipos de biomassa, que normalmente seriam descartados, ajuda ainda a resolver o problema do lixo. Isso se aplica a todos os tipos de biomassa pesquisados, mas tem uma relevância ainda maior no caso da palha de coco, que é de difícil decomposição, levando mais de oito anos para se degradar completamente.

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