ISSN 2359-5191

21/09/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 112 - Saúde - Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Estudo inovador verifica as forças e pressões do canal vaginal
Pesquisa recente da Fofito comparou mulheres com e sem treinamento de pompoarismo
Representação do equipamento e do assoalho pélvico. Foto: Fernanda Giacomassi

O assoalho pélvico é uma estrutura de músculos, ligamentos e fáscias que recobrem a pelve humana fazendo a sustentação de órgãos e sendo responsável por garantir a continência urinária e fecal. Acredita-se que o controle desta musculatura esteja intimamente relacionado à severidade da incontinência urinária, que atinge aproximadamente 10 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, e à satisfação sexual. Entretanto, são escassas as pesquisas que avaliam essa relação. Pensando nisso, o Laboratório de Biomecânica do Movimento e Postura Humana (LaBIMPH) do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP está realizando uma série de pesquisas inovadoras na investigação da distribuição de cargas do assoalho pélvico feminino.

Um dos mais recentes trabalhos do Laboratório, que contou com a participação das pesquisadoras Licia P. Cacciari, Anice Pássaro, Amanda C. Amorim, e foi coordenado pela Profa. Dra. Isabel C. N. Sacco, teve como objetivo comparar as diferenças na distribuição de forças no assoalho pélvico entre mulheres sem nenhum tipo de treinamento e mulheres que possuem pelo menos seis meses de treinamento no pompoarismo, técnica oriental milenar que consiste em exercícios vaginais para melhorar a satisfação sexual. De acordo com a fisioterapeuta Anice Pássaro, uma das pesquisadoras, a escolha por investigar essa técnica se deu pelo interesse de verificar se as mulheres pompoaristas realmente conseguem contrair o assoalho pélvico em sequência rítmica, como as mesmas alegam, e validar o equipamento utilizado.

Para a realização da pesquisa, foram prospectadas 23 mulheres-controle e 17 pompoaristas, com as mesmas características de massa corporal, paridade e sem queixas de disfunções uroginecológicas. As mesmas foram avaliadas com um equipamento que deu ao laboratório o prêmio USP Inovação, em 2013. Esse equipamento consiste em um dinamômetro recoberto por uma matriz que possui um conjunto de 100 sensores capacitivos. Ao ser introduzido na vagina, os sensores são deformados e os dados adquiridos são mostrados em um mapa tridimensional espaço-temporal e exportados para análise a posteriori. “Precisávamos construir um equipamento que fosse capaz de verificar mais do que só a variável força, que é o que os equipamentos disponíveis no mercado medem. Queríamos explorar tanto a simetria como a coordenação”, explica Isabel Sacco.

Os resultados da pesquisa mostraram que de fato existem diferenças na distribuição de cargas do assoalho pélvico entre mulheres com e sem treinamento. “Elas [pompoaristas] ativam regiões do canal vaginal que as mulheres-controle, saudáveis, não ativam”, explica a pesquisadora. Além disso, as pompoaristas conseguiram fazer pressões mais homogêneas e ritmadas do que as mulheres-controle, que concentram suas pressões na região central do canal.

Embora o estudo tenha observado diferenças potenciais de contração entre as voluntárias, não se pode afirmar com convicção que estes resultados estão relacionados com a função sexual ou com a continência. Porém, segundo Isabel, estes questionamentos ainda serão respondidos em pesquisas futuras: “O trabalho vai continuar respondendo como as incontinentes se comportam e se podemos relacionar essa disfunção com essa coordenação, força e resistência do canal vaginal”.

A pesquisadora Anice Pássaro afirmou, para concluir, que a fisioterapia já possui métodos próprios e efetivos para o tratamento de disfunções uroginecológicas, que exigem avaliações específicas de profissionais da área. A pesquisadora alerta ao fato de que o pompoarismo é uma técnica buscada por mulheres saudáveis com intenção de melhorar seu desempenho sexual, e não deve ser confundido com tratamento.

O projeto das pesquisadoras ganhou o prêmio internacional Art in Science no Congresso Expert Scientic Meeting for Body Load Distribution - ESM, realizado em julho na capital portuguesa. A relevância em termos de inovação do projeto rendeu para as mesmas a bonificação de 5.000, que foram cedidos para o próprio laboratório.

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