São Paulo (AUN - USP) - Formar uma rede internacional de pesquisa para disseminar o estudo e acelerar o combate de doenças como a dengue, malária, Chagas, leishmaniose e esquistossomose. Esse é um dos objetivos do núcleo de Bioinfo da USP. Os primeiros passos para a construção dessa rede foram dados durante o I Curso Latino-americano de Bioinformática para Doenças Tropicais, oferecido recentemente pelos departamentos de Parasitologia, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), e Ciências da Computação, do Instituto de Matemática e Estatística (IME).
Com fundos da Organização Mundial de Saúde (OSM), o núcleo de Bioinfo selecionou 15 pesquisadores latino-americanos entre os 50 inscritos das áreas de ciências exatas e ciências biológicas. Durante duas semanas, estudantes do México, Venezuela, Colômbia, Argentina, Brasil, Peru e Cuba aprenderam técnicas e ferramentas de informática para serem utilizadas em biologia molecular e genética, com o objetivo de entender e erradicar doenças tropicais. A idéia por trás do programa Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais (Research and Training in Tropical Diseases – TDR) proposto pela OMS, que também tem centros na Tailândia, Índia e África do Sul, é a de que pesquisadores de áreas afins estreitem relações para avançar nas pesquisas de doenças que fazem milhares de vítimas todos os anos. Para se ter uma idéia da presença das doenças tropicais, a malária, uma das parasitoses mais estudadas, é sozinha responsável pela morte de 2 milhões de crianças por ano no mundo. O professor do ICB e um dos coordenadores do curso Hernando Del Portillo explica a importância da bioinformática no estudo das doenças tropicais: “Os genomas dos parasitas estão sendo seqüenciados e, obviamente, precisamos tirar todo o proveito das informações geradas para chegarmos à cura, às vacinas. Sem as ferramentas não conseguimos tirar as informações”. Del Portillo cita como exemplo o genoma do parasita da malária que vai ser divulgado nos próximos meses. “São 6 mil genes. Sem as ferramentas teríamos que procurar a informação gene a gene. Com a ajuda da informática o pesquisador encontra a informação imediatamente”. Segundo o presidente da Bioinfo, Júnior Barrera, do IME, a avaliação do curso foi positiva: “O curso ajudou na formação desses alunos e fomentou o início de uma cooperação”. Em uma pesquisa feita no final do curso, 100% dos participantes afirmaram que recomendariam o curso para outros pesquisadores, 87% disseram que podem aplicar o que aprenderam e 67% se dizem capazes de ensinar o conteúdo do curso para outras pessoas. “O próximo passo é disponibilizar um banco de dados. Assim, nos próximos meses, um pesquisador mexicano, por exemplo, poderá acessar o gene bank do IME e, através de softwares, analisar as informações encontradas”, informa Barrera.