São Paulo (AUN - USP) - O sol é a estrela mais próxima de nós. Seu campo magnético influencia diretamente o da Terra, afeta as telecomunicações e a orientação de alguns animais. Uma boa ferramenta para se entender o ciclo magnético solar é o modelo que o compara ao funcionamento de um dínamo.
Gustavo Guerrero, doutorando do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG), desenvolveu, em conjunto com sua orientadora Elisabete de Gouveia Dal Pino, um modelo que analisa a evolução do campo magnético do Sol no espaço e no tempo por meio de equações e de dados observacionais. É um modelo cinemático de campo médio.
O Sol possui um campo magnético global em forma de dipolo – suas linhas de campo vão de um pólo a outro (poloidal) – e um ao redor do equador (toroidal), que é resultado da rotação solar. Durante o ciclo solar, o campo global perde intensidade ao mesmo passo que o equatorial a ganha e vai formando as manchas solares. Ao fim de um ciclo, o campo que estava ao redor do equador torna-se o global e há a inversão das polaridades – se em um ciclo a polaridade do campo no pólo norte solar era positiva, ela ficará negativa e a polaridade no pólo sul, positiva.
O ciclo de atividade magnética do Sol é de aproximadamente 11 anos. Nesse período, o número de manchas na superfície solar varia e o campo magnético poloidal global inverte de polaridade. Assim, um ciclo magnético solar completo é da ordem dos 22 anos. A cada um desses há dois máximos solares, que são os períodos em que a atividade magnética solar atinge seus maiores índices.
É esse processo que se assemelha ao funcionamento de um dínamo: há a geração e a sustentação de um campo magnético como conseqüência do fluxo de um fluido – no caso, o plasma que constitui o Sol. Segundo Gustavo Guerrero, os campos magnéticos são formados e amplificados pelo movimento da matéria.
Um dínamo gera corrente elétrica contínua a partir da energia mecânica, que é criada por um movimento. A variação da energia elétrica produz um campo magnético. Esse aparelho é usado como fonte de energia de motores elétricos, por exemplo.
Máximo solar
É durante o máximo solar que há o maior o número de manchas na superfície do Sol. Essas manchas são regiões mais escuras que giram com a mesma velocidade da rotação solar. São formadas quando material vindo do interior da estrela emerge a superfície (fotosfera) e estão associadas a fortíssimos campos magnéticos. Sempre aparecem em pares e nos dois hemisférios.
O Sol emite continuamente partículas carregadas para o espaço. O vento solar, como esse fenômeno é conhecido, atinge a Terra e interage diretamente com seu campo magnético. Nos períodos de maior atividade solar, ocorrem violentas expulsões de massa no Sol e ele passar a emitir uma quantidade muito maior de partículas para o espaço. Nessas épocas, acontecem tormentas magnéticas na atmosfera terrestre, pois o campo magnético, que é uma proteção do planeta, é bombardeado por partículas eletrizadas.
O vento solar pode danificar os aparelhos de telecomunicações que utilizam ondas em seu funcionamento, mas é durante os máximos solares e as tormentas magnéticas que há a maior interferência das partículas vindas do espaço nesses instrumentos.
As auroras polares (aurora boreal se for no Hemisfério Norte e austral se for no Sul) também são resultados do impacto dessas partículas com o campo magnético da Terra: a interação entre elas com as da atmosfera terrestre produzem o efeito óptico colorido nas regiões polares. Os máximos solares não aumentam consideravelmente a luminosidade nem a temperatura do Sol. Portanto, não há maiores riscos para a pele e para a saúde na exposição a ele.
Para ver imagens do Sol acesse o site do SOHO, um satélite espacial que observa o sol e sua atmosfera (em inglês): http://sohowww.nascom.nasa.gov/home.html.