ISSN 2359-5191

28/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 40 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Escoramento estrutural realizado pelo IPT em São Luiz do Paraitinga entra em etapas finais

São Paulo (AUN - USP) - O trabalho de escoramento estrutural realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) no município paulista de São Luiz do Paraitinga chega a suas últimas etapas. Até o fim de julho, os laudos técnicos devem estar prontos para que possa ser iniciada a reconstrução dos edifícios históricos danificados pelas enchentes ocorridas na cidade no início de 2010.

O rio Paraitinga, que corta a cidade, transbordou com as fortes chuvas dos primeiros dias do ano e a água subiu aproximadamente 15 metros o que significou, em alguns pontos, uma submersão das edificações de até seis metros de altura. Com isso, muitos pontos turísticos e históricos foram afetados. A principal igreja da cidade, por exemplo, desabou por completo.

A atuação do IPT ocorre em 29 edifícios tombados. O trabalho consiste em realizar o chamado escoramento estrutural: forma de dar sustentação às vigas sem resistência. O escoramento é necessário como um primeiro passo no processo de restauração dos edifícios, pois sem ele não é possível entrar na casa com segurança e, portanto, nada pode ser feito.

Além do escoramento, laudos técnicos com as condições das estruturas serão entregues ao Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), para que ele possa dar continuidade à recuperação das casas. Segundo José Theóphilo Leme de Moraes, engenheiro pesquisador do Centro de Tecnologia de Obras de Infra-Estrutura, os laudos englobam vários aspectos: “Eles envolvem solo, porque você deve ter as fundações. Deve ter alguém que diga como estão as condições da madeira. É necessário chamar pessoas da Biologia para avaliar a questão dos cupins, por exemplo. Então, acaba tendo essa multidisciplinaridade”.

A importância da restauração se explica não só pela preservação do lado histórico e cultural da cidade, mas porque São Luiz do Paraitinga, considerada estância turística pelo Estado de São Paulo, tem como base de sua economia o turismo. “Se eu vou lá porque gosto de ver edificação antiga e se não tem mais, então vai acabar essa ponta de sobrevivência econômica da cidade”, aponta José Theóphilo.

Gravidade dos abalos
Os danos causados pela enchente foram grandes não só pelas proporções da catástrofe natural, mas pela própria fragilidade das estruturas, que datam de aproximadamente 1850. Além disso, a técnica de construção predominante na época, a taipa, cuja matéria prima para construção das paredes era o próprio solo, não ofereceu boa resistência às chuvas.

“Qual tipo de repercussão você pode esperar de uma enchente em um material dessa natureza? O barro é dissolvido, desagregado. Você vê a casa exposta, as partes construtivas expostas, porque a água desagregou todo esse material”, afirma o pesquisador, que explica que nem todas as edificações estão em estado tão grave e se mostra otimista quanto à recuperação do município: “Há solidariedade mutua e muita religiosidade. Eu vejo a cidade já se recuperando muito bem”.

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