São Paulo (AUN - USP) - Edifícios verdes são construções cujas estruturas privilegiam o sistema de “energia zerada”, ou seja, produzem sua própria energia, sem necessidade do auxílio ou consumo de energias provenientes de fontes não renováveis. Também possuem a características de serem auto-suficientes, consumindo apenas a energia suficiente de acordo com as condições climáticas, solares e atmosféricas do momento.
Criado em alguns países da Europa como uma inovação arquitetônica-urbanística destinados ao uso racional e eficiente dos recursos com vista a diminuir os impactos ambientais, o conceito de “edifício verde” virou uma tendência de futuro no mundo inteiro. O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas-IAG/USP em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo–FAU/USP, anteciparam esta tendência trazendo para a América Latina o primeiro edifício enquadrado no conceito de “construção verde”.
O projeto é assinado pelo arquiteto e professor da FAU/USP, Marcelo Romero. Numa iniciativa da Pró-reitoria de Pesquisa da USP, o projeto do edifício resultou da fusão da proposta-projeto do IAG que visava a instalação do “Centro de Ciências da Terra e do Ambiente” e da FAU que privilegiava a construção do “Laboratório de Modelos para a Sustentabilidade das Construções”.
Segundo Maria de Fátima, professora do Departamento de Ciências Atmosféricas do IAG e integrante da equipe técnica que acompanha a implementação do projeto, o modelo do projeto foi apresentado em 2007 à reitoria da USP. Em concorrência nacional o projeto foi licitado, e prevê-se que as obras comecem brevemente. Numa primeira fase o projeto gastará cerca de R$ 20 milhões, sendo R$ 5 milhões provenientes da reitoria da USP e os restantes R$ 15 milhões financiado pelo Finep, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Falando do diferencial inovador do projeto, Maria de Fátima, disse que “trata-se de um edifício modelo, inédito, planejado para gerar toda a energia elétrica a ser consumida na etapa de uso e operação por meio da instalação de tecnologias avançadas disponíveis no mercado internacional. Outro aspecto muito interessante é que o edifício contemplará também iniciativas de sustentabilidade e reduzido impacto ambiental”.
Indagada sobre os benefícios que o projeto trará para a sociedade, Maria de Fátima, considerou que o projeto testará tecnologias, em busca de viabilidades, alternativas e soluções em busca de construções mais voltadas a pensar em economias energéticas e mitigação dos efeitos devastadores do meio ambiente.
“Nos Temos grandes expectativas que o projeto possibilite a interação com outros grupos que de certa forma trabalham também com a questão da qualidade de vida. Porque além de termos questões de mudança climática no aspecto mais global, temos também a questão de como as cidades interferem e convivem com essa realidade. Então acredito muito que esse edifício laboratório permitirá avaliar os impactos de forma comparativa. Isso permitirá encontrar outros caminhos e indicadores para pensarmos numa estrutura urbana diferente”, comentou a professora Maria de Fátima.
O edifício a ser instalado na área que alberga parte do atual estacionamento do IAG, ocupará uma área total de 6.000 m2, comportando um subsolo, térreo e três pavimentos tipo e cobertura, que servirão de estruturas para três novos laboratórios a serem a criados: CECITA-Centro de Ciências da Terra e do Ambiente, LABSUS- Laboratório de Modelos para a Sustentabilidade das Construções e RMC – Rede de Mudanças Climáticas.
De acordo com a professora Maria de Fátima, as obras terão duração de aproximadamente dois anos. Começarão neste ano e prevê-se a conclusão para finais de 2012 ou principio de 2013.