São Paulo (AUN - USP) - A Petrobras requisitou em dezembro do ano passado o radar móvel de previsão de tempo do IAG da USP para auxiliar no monitoramento da zona do pré-sal. O assunto foi encaminhado ao MCT - ministério da ciência e tecnologia, que apresentou parecer desfavorável. Atualmente o assunto está sendo revisto numa das comissões do MCT.
Dada a extensão e as condições climáticas bastante variáveis ao longo da faixa costeira brasileira, onde ocorrem freqüentemente rajadas de ventos na zona do pré-sal, a Pretrobras, através de uma das suas subsidiárias, requisitou ao IAG – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, o labhidro, laboratório móvel de previsão de tempo, financiado pela Fapesp, para fazer o monitoramento da área do pré-sal. O pedido feito no final do ano passado, ainda não tem solução, tudo porque o MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia apresentou parecer desfavorável.
A burocracia é o principal problema que inviabiliza a cooperação com a Petrobras. “É nossa vontade estabelecermos cooperação e/ou parceria com a Petrobras, mas infelizmente isso não depende só de nós, a decisão passa por um conjunto institucional”, enfatizou o professor Augusto Pereira.
Neste momento, o pedido da Petrobras, saiu da esfera de competência do IAG e transita, em caráter de revisão, no governo federal na Comissão de Meteorologia Climatologia e Hidrologia do MCT. O professor Augusto, não pode adiantar quais os níveis de avanços que o assunto registrou, porque o IAG não está representado na comissão de negociação.
Por outro lado, Augusto, criticou o modelo interinstitucional que assumiu a responsabilidade do assunto. “A gente gostaria de ter participado das discussões, mas há um impedimento interinstitucional. Temos uma instituição federal aqui em São Paulo, que tende em querer controlar ao máximo as atividades de climatologia e metereologia. E nisso, nós discordamos um pouco de como foi feito ou elaborado esse plano para o estabelecimento de uma rede de radares.
Questionado sobre que medidas não adotaria para reverter esse modelo a fim de acelerar a resolução do assunto, o professor Augusto foi mais longe, e disse que ainda falta visão para o aproveitamento eficiente dos potenciais benefícios que os radares podem gerar para a sociedade. “Eles privilegiam a cobertura aérea para aspectos de aeronavegação, e a nossa visão é de que os radares precisam estar prioritariamente nas cidades e em outros lugares. Penso que o assunto está sendo tratado numa visão utilitarista das coisas, é preciso que haja visão de futuro, desenvolvendo grandes projetos com boas técnicas para que possam beneficiar o maior número possível de pessoas e instituições”. Asseverou o professor Augusto.
Ainda assim o professor não descarta a hipótese de poder integrar o grupo, ao mesmo tempo em que aguarda com expectativa o desfecho do caso. “Neste momento não mexo mais com o assunto, mais espero ser chamado. Sou especialista na área e já trabalhei em vários projetos de radares em determinadas aplicações”.