São Paulo (AUN - USP) - Conseguir mostrar que um método barato e rápido pode ser tão eficiente quanto os outros, no acompanhamento dos tuberculosos. Esse é o resultado da pesquisa de Elisabeth Vieira. Orientada pelo professor Manoel dos Santos, do Instituto de Ciências Biomédicas, ela provou que o exame que vê a presença ou não do bacilo de Koch pelo número de bacilos-o método baciloscópico-é tão eficiente quanto outros mais caros, como a cultura e o PCR real time.
A tuberculose ainda é uma doença que faz muitas vítimas. Mesmo em São Paulo, por exemplo, onde ela está controlada, morrem de sete a dez pessoas por dia em razão da doença. Além disso, ela tem aumentado em países de primeiro mundo, graças a AIDS, que também é responsável por surtos na África, Rússia e China, mas nestes deve ser levado em conta também a pobreza como causa do mal.
Já há um tratamento para a tuberculose: o governo brasileiro garante os remédios para os seis meses que o paciente deve usá-los. Logo após as primeiras semanas, já há uma grande melhora do paciente, o que o leva em alguns casos a abandonar o tratamento achando-se curado. O bacilo porém ainda está no paciente, lembra o professor Manoel, e, após a interrupção do tratamento, ele vai desenvolver linhagens resistentes aos medicamentos. A doença volta mais resistente, exigindo outros tipos de medicamentos, mais caros e agressivos. É fundamental que não se pare o tratamento antes do final, pois isso aumenta os custos e inclusive o risco para a vida do doente.
A importância do método baciloscópico no tratamento é grande, já que esse é o mais barato e rápido no caso da tuberculose. Porém ele apresenta um problema: dá resultado falso-negativo em 30% dos casos. O método não é o mais confiável para diagnosticar a doença, mas as pesquisas provaram que é o melhor para acompanhar o desenvolvimento do tratamento. Ele pode ser inclusive usado para diagnóstico, mas a certeza só é possível após três testes. O método PCR real time (uma reação extrai o DNA das bactérias, aumenta esse DNA e torna mais fácil o diagnóstico) leva 6 horas para obter um resultado confiável, só que é mais caro.
Os sintomas da tuberculose são: dificuldade de respirar, tosse, taquicardia, sudorese e febre noturnas, dor nas costas e escarro com sangue. O suspeito de possuir o bacilo deve procurar o serviço de saúde a fim de fazer exames que possam diagnosticar se ele está com a doença ou não. O professor lembra que lugares fechados, como prisões e transportes públicos, são fontes de infecção. O consultório do dentista pode ser local de contaminação, já que o tuberculoso deixa bacilos no ar (a broca espalha os bacilos).Até mesmo animais de estimação podem, se tiverem sido contaminados por humanos anteriormente, passar o bacilo. Nesses casos recomenda-se o sacrifício dos animais contaminados, diz o professor Manoel dos Santos.