ISSN 2359-5191

26/11/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 23 - Saúde - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Vacina contra Aids felina é esperança na luta contra a versão humana da doença

São Paulo (AUN - USP) - Na semana retrasada o médico Jairo Bouer anunciou na sua coluna do caderno Folhateen, Folha de São Paulo, que pesquisadores americanos e tailandeses passaram por mais uma tentativa frustrada de desenvolver uma vacina contra a Aids.

Apesar das dificuldades que os pesquisadores vêm enfrentando na luta contra o HIV, são grandes as esperanças de em breve surgir algum medicamento que facilite a prevenção da doença. Pesquisas mostram que a maioria dos novos casos de Aids que surgem a cada ano é devido à falta da camisinha durante o ato sexual. Ainda hoje é muito difícil convencer as pessoas da importância do sexo seguro.

Um dos principais motivos a deixar os médicos tão empolgados é a descoberta recente de uma vacina contra a Aids felina. O vírus que contamina os gatos, o FIV (Feline Immunodeficiency Virus), é da mesma família que o HIV (Human Immunodeficiency Virus). Mesmo sendo vírus semelhantes, não existe transmissão do humano para o gato e vice-versa.

A Aids felina foi descoberta em 1986, e conseguiu ampliar os horizontes da pesquisa da Aids humana. A doença se desenvolve de maneira muito parecida nos felinos e, assim como nos seres-humanos, o vírus pode ficar anos sem se manifestar. O que diferencia o FIV do HIV é a forma de contágio, se no homem a principal forma de transmissão da doença é através das relações sexuais, já no gato a principal forma de transmissão é através da saliva. O um gato FIV positivo passa a doença através da mordida, como se aplicasse uma injeção de vírus no outro animal.

Na metade do ano passado um laboratório americano anunciou a descoberta de uma vacina contra a versão felina da Aids. Durante entrevista com o professor Archivaldo Reche Jr. da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ), afirmou que essa vacina vai chegar agora no Brasil, e que as encomendas já foram feitas. Archivaldo é um dos professores envolvidos na pesquisa do FIV e publicou recentemente um artigo sobre o desenvolvimento da doença na cidade de São Paulo.

Mesmo existindo um núcleo de pesquisa sobre a Aids felina dentro da FMVZ, Reche afirmou não haver nenhum trabalho referente ao desenvolvimento de uma vacina aqui no Brasil. "Esse tipo de pesquisa envolve muito dinheiro e, normalmente, são financiadas por grandes laboratórios. Como a maioria desses laboratórios é estrangeira, preferem fazer a pesquisa lá fora e depois importar o remédio." O professor também disse sentir falta de uma maior integração entre as diferentes faculdades da USP, como Medicina, Farmácia e Química, envolvidas no desenvolvimento de medicamentos contra a Aids. "O gato serve como modelo para os estudos do HIV, e o homem como modelo para os estudos do FIV."

O principal problema levantado por Reche, e o que ainda tira o sono de inúmeros médicos, é a verdadeira eficácia da vacina. Tanto o FIV quanto o HIV são extremamente mutantes e isso dificulta a imunização ao vírus. "Nenhuma vacina oferece 100% de proteção, mas no caso de doenças causadas por vírus, a proteção é muito menor", diz. Esses vírus são tão mutantes que o vírus do Brasil pode ser diferente do americano, "isso é o que nos deixa mais preocupados ao importar essa vacina, quando ela chegar aqui no Brasil talvez não seja a proteção necessária" fala Archivaldo.

É por esse e outros motivos que o professor gostaria que o Brasil também pudesse desenvolver suas pesquisas sobre Aids.

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