ISSN 2359-5191

26/11/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 23 - Meio Ambiente - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Guia ensina catadores a montar cooperativa

São Paulo (AUN - USP) - Foi lançado recentemente em São Paulo o livro “Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis – Um Guia para Implantação”, em uma iniciativa conjunta entre o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e o Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Como o próprio nome indica, trata-se de um guia que orienta catadores de material reciclável a se organizar em cooperativas, a planejar e otimizar o seu trabalho de coleta de lixo e, por que não, a torná-lo uma atividade lucrativa, de onde os catadores possam tirar sua subsistência.

A situação atual do desemprego no Brasil é grave, gera miséria e estagnação econômica. Também não é preciso ir longe para constatar que o lixo virou um problema de metrópoles como São Paulo há muito tempo. A produção de detritos é intensa, os métodos de escoamento já não dão conta de todo o lixo produzido, a coleta seletiva ainda engatinha, e, portanto, também a reciclagem.

Foi com base nesse panorama, e na demanda crescente de grupos de educadores, ONGs, sindicatos e prefeituras pela organização dos catadores de material reciclável em cooperativas, que surgiu a idéia do guia. Suas propostas são baseadas nas experiências do projeto Recicla – reciclagem gerando renda, início dessa ação conjunta entre IPT e Sebrae. No ano passado, o Recicla montou cursos de capacitação para a coleta seletiva, e também implantou duas cooperativas piloto, uma em Salto, e outra em Registro, no interior de São Paulo. O coordenador do Recicla, o pesquisador do IPT Roberto Lajolo, também comanda a equipe que produziu o guia.

Lajolo calcula que já existam mais de 200 mil catadores de material reciclável no Brasil. E conta que em São Paulo, 80% da coleta do lixo que pode ser reutilizado já é feita por catadores.

Tentando atingir os grupos que visam organizar esta massa, o guia, que tem versão impressa e eletrônica (CD-ROM), aborda assuntos importantes que envolvem a atividade. Além de ensinar a montar uma cooperativa de catadores, explica também como gerenciá-la e planejar a coleta. Mostra como buscar apoio junto a órgãos públicos, fazer planilhas de triagem e de custos, e lidar com as empresas de reciclagem na hora de vendê-las o lixo coletado.

Há, nas páginas do guia, uma atenção especial à questão da educação da população para a importância de se fazer a coleta seletiva do lixo, separando o que pode ser reciclado do que não pode. A capacitação dos catadores também é tópico crucial: quais equipamentos devem usar, onde devem pegar o lixo, como podem se proteger de acidentes (o guia, aliás, recomenda enfaticamente que se evite transportar o lixo em caçambas de tração humana, essas que estão cada dia mais presentes no trânsito paulistano). A idéia é profissionalizá-los, para que possam competir com sucateiros e empresas que hoje fazem a coleta do material reutilizável.

Os catadores, uma vez organizados em cooperativas, também podem ajudar as prefeituras das cidades em que atuarem, que muitas vezes têm que contratar os caros serviços de empresas de limpeza. Segundo o coordenador, “se compararmos a coleta seletiva organizada pelos catadores com a coleta seletiva organizada por empresas terceirizadas, consideramos recomendável a primeira alternativa”. E ele vai além: “é preciso fazer uma análise econômica cuidadosa. Se for considerado que um programa de coleta seletiva através dos catadores organizados se traduz também num projeto de inclusão social, gerando trabalho e renda, sem dúvida sua realização é mais interessante para o município”.

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