ISSN 2359-5191

17/05/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 05 - Sociedade - Museu de Arte Contemporânea
MAC discute o que é arte a partir da obra de Julio Plaza

São Paulo (AUN - USP) - O Museu de Arte Contemporânea apresenta até 13 de junho obras de Julio Plaza. Estão expostas cerca de 50 obras do artista que questionou e redefiniu os valores da arte paulistana a partir da década de 70. Em Arte Como Idéia, o museu homenageia o trabalho desse espanhol radicado em São Paulo.

Chegando ao Brasil em 1972, Plaza driblou a censura com projetos inusitados. Em suas mãos, a arte tomou formas do cotidiano, dando valor à reprodutibilidade das obras. Segundo a curadora da exposição, Cristina Freire, o artista usa técnicas sem original, como a fotografia e a serigrafia. Freire acrescenta que a obra do artista é um “questionamento das premissas do que seja uma obra de arte”.

As limitações da censura intelectual da época de sua chegada tornaram Plaza um precursor de movimentos atuais. Seu trabalho com materiais simples e precários e a distribuição clandestina por meio de círculos postais e livros coletivos antecede a explosão da arte marginal na era cibernética.

Plaza opera essencialmente uma desmistificação da arte. Segundo Freire, sua obra desnuda o conceito de gênio que envolve o artista ou criador, impede a entronização de uma entidade criativa. A idéia central de Plaza é aproximar a arte do cotidiano, ilustrar a noção básica de que a produção artística está ao alcance de todos e que ela é produto do acaso.

Nesta exposição, o artista realiza um exercício lingüístico a partir de uma série de quadros com definições de dicionário e imagens que tentam ilustrá-las. Seguindo a mesma linha, há um diálogo com outros artistas e suas criações, como Marcel Duchamp, Vasarely e mesmo a ironia que norteou sua colaboração com Regina Silveira, com quem produziu uma série de quadros que parodiam técnicas de pintura.

O trabalho de Plaza valoriza a idéia, o conceito por trás da obra. Por esse motivo, Plaza é reconhecido como quem introduziu o conceitualismo na arte brasileira. Essa preferência estética orientou suas parcerias com outros artistas e proporcionou maior versatilidade em suas obras. Plaza apresenta em um de seus livros de artista a relevância do acaso para a criação artística, expondo a idéia de que só o desapego criativo distancia o artista de um egocentrismo fatal para a obra. Essa mentalidade levou o artista a trabalhar com uma multiplicidade de meios e formas, inclusive o cinema. A exposição apresenta o filme “Luz Azul”, que trabalha a idéia do acaso a partir da filosofia chinesa do I Ching.

O MAC retoma com este evento a relação íntima deste artista com o museu. Já na década de 70, Plaza, que morreu no ano passado, se envolvera com Walter Zanini, diretor do museu e com artistas influentes como a própria Silveira e o poeta Augusto de Campos. Participou das atividades da instituição e o conjunto de suas obras hoje ilustra o tema central do acervo: o experimentalismo e a inovação estética.

Este conjunto de obras pretende ilustrar a trajetória do artista, integrando uma série de homenagens que a Universidade de São Paulo presta aos artistas ligados a sua história em seus 70 anos de existência.

Julio Plaza – Arte Como Idéia fica aberta ao público até o dia 13 de junho no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo de terça a sexta das 10 às 19h, sábados, domingos e feriados das 10 às 16h, na Rua da Reitoria, 160 – Cidade Universitária. A entrada é franca.

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