A ideia de se permitir que diversos músicos possam interagir remotamente utilizando-se de redes de computadores não é nova, mas nunca se popularizou. O que antes era limitado tecnologicamente devido às condições disponibilizadas por conexões de internet pela linha telefônica, hoje apresenta-se muito mais viável tecnicamente com a massificação da internet de banda larga, seja por cabo ou por tecnologias DSL.
Apesar disso, encontrar um ambiente virtual em que a performance musical pareça completamente natural para o músico é uma das maiores dificuldades nesta área. Nesse sentido, Marcio Masaki Tomiyoshi, mestre em ciência da computação, apresentou, em sua defesa de mestrado, alternativas que visam facilitar esse tipo de interação computacional e “driblar” as dificuldades que atrapalham essas performances musicais.
“Os principais problemas enfrentados estão relacionados à largura da banda, à perda de pacotes de dados enviados durante a interação, à latência da conexão e ao jitter”, disse Tomiyoshi. “E, no caso da internet residencial brasileira, a largura de banda é pequena, além do problema de limites de utilização da conexão, do alto custo que ela tem e da relação entre uploads e downloads”, completou.
Jitter pode ser definido como a medida de variação do atraso entre os pacotes sucessivos de dados, estando vinculado à latência da conexão, que é o intervalo de tempo que uma informação (ou pacote de dados) demora para sair de um ponto conexão e chegar a outro. “Para lidar com as limitações de largura de banda no acesso à internet disponível comercialmente, um método de compactação de áudio eficiente e que alie baixa latência algorítmica com alta qualidade sonora é imprescindível”, afirmou Tomiyoshi. Assim sendo, foram apresentadas alternativas para que o desempenho da performance musical online não seja tão afetada pelos problemas já explicados.
“Embora a latência obtida na conexão entre computadores esteja vinculada principalmente à distância entre os usuários e à qualidade do serviço oferecido pelos provedores de internet, outros aspectos, como a largura de banda, podem ser controlados pelo software”, disse Tomiyoshi. Ele fez uso de quatro plataformas (Skype, SoundJack, JackTrip e JackTripMod) de forma a testar “uma alternativa flexível e de fácil utilização para que a realização de performances musicais distribuídas por usuários caseiros seja possível”
“O Skype não se mostrou adequado porque o seu sistema é focado em Voz sobre IP (VoIP), o que permite maior tolerância à latência e menor exigência de qualidade de áudio em comparação com aplicações dedicadas às performances musicais distribuídas”, disse Tomiyoshi. Já o SoundJack, embora seja multiplataforma e tenha modelo de retorno de áudio atrasado (o que torna o ambiente de performance musical mais natural), apresenta seu código fechado, o que deixa impossível alterar o software para melhorá-lo, e só envia dois canais de áudio (estéreo e mono). O JackTrip, por sua vez, é multiplataforma e multicanal e tem código aberto, apesar de não ter modelo de retorno atrasado e não apresentar servidor dedicado à conectividade, como apresenta o SoundJack. Assim, Tomiyoshi fez modificações no JackTrip e criou um novo modelo, o JackTripMod, que “agrega características de diversos aplicativos e expande a quantidade de técnicas utilizáveis nesse tipo de performance musical”, permitindo uma melhor qualidade técnica do som.