
“Nunca fui comunista nem tive simpatia porque sou cristão. E como cristão,
preciso ser solidário.” |
|
Durante os anos
seguintes, a atuação de Dallari
foi motivo de perseguição
política e duros golpes. Na noite
anterior à visita do papa João
Paulo II a São Paulo, em 1980, o
professor foi vítima de seqüestro
e espancamento. “Fiquei todo arrebentado,
um bando de sujeitos me agrediu num terreno
baldio até eu não conseguir
ficar em pé mais. Era para servir
de recado”, lembra. Voltando para casa,
foi levado ao hospital, onde exigiu dos
médicos que conseguisse ir ao evento
do dia seguinte. “Eu estava escalado para
fazer umas leituras na missa do Papa. Eu
iria àquela missa nem que fosse
a última coisa da minha vida.” E,
para espanto dos presentes na cerimônia,
ele realmente apareceu, sob os aplausos
da população. Àquela
altura, a ditadura já não
tinha mais muito fôlego.
Apesar de o professor ter tido participação
ativa nas várias questões
de sua época, principalmente na
luta pelos direitos humanos, nunca pensou
em engrenar na vida política.
Na máquina pública, de
1990 a 1992, foi secretário de
Negócios Jurídicos da Prefeitura
durante a gestão de Luíza
Erundina. “Por convite de uns amigos,
fui candidato a vereador quando eu estava
na graduação. Candidatura
foi só essa vez, mas eu faço
política o tempo todo, uma política
não partidária. Utilizo
o direito como instrumento de mudança
social.” |
|
|
Casado por duas
vezes, Dallari vive com a atual esposa
numa casa espaçosa no bairro Vila
Nova Conceição. Como vice-presidente
da Associação de Moradores,
trabalhou para expulsar a Daslu da região.
Segundo o professor, a loja excedia a área
permitida em um bairro residencial. “Chegamos
a oferecer óculos para os fiscais.
Só eles não viam.”
Dos sete filhos de Dallari, três
são professores. Dois dão
aulas de direito.
O senhor foi a influência para
eles, professor?
“Cada um tem sua idéia própria.
Santo de casa não faz milagre...” |