
“Hoje, requer-se um tipo de educação mais polivalente, que forme
um indivíduo capaz de fazer várias coisas, do que qualquer educação
muito voltada para uma profissão muito limitada.” José Paulo Zeetano
Chahad

“Quem se inserir nessa sociedade complexa vai sobreviver. É um darwinismo.
Quem não se inserir vai ficar desempregado.” Gilson
Schwartz
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Todos
os anos, em 1º de maio, comemora-se
o Dia Mundial do Trabalho. A celebração
foi criada em 1889, por um Congresso
Socialista realizado em Paris, em homenagem à greve
geral de 1º de maio de 1886, ocorrida
em Chicago, o principal centro industrial
dos Estados Unidos naquela época.
Na ocasião, operários morreram
lutando por condições de
trabalho mais dignas e humanas.
Hoje, no entanto, a batalha começa
mais cedo: diante de um mercado extremamente
saturado, trabalhadores brigam entre si
para conseguir um emprego. Essa realidade é ainda
mais marcante entre os jovens. Segundo
dados do Ministério do Trabalho
e do Emprego, os jovens desempregados somam
cerca de 3,5 milhões, ou 45% do
total de 7,7 milhões de desempregados
em todo o País. Diante disso, está cada
vez mais difícil para a juventude
saber como construir uma carreira profissional
estável e bem-sucedida. Mais do
que isso, aliar sucesso profissional à realização
pessoal parece uma tarefa quase impossível.
Segundo José Paulo Zeetano Chahad,
professor da Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade (FEA/USP) especializado
em Economia do Trabalho, o desemprego dos
jovens é uma realidade no mundo
todo. “O fato de incidir muito sobre o
jovem não é uma prerrogativa
brasileira nem paulista, é universal.
O jovem tem como características
a inexperiência e a baixa qualificação,
e isso determina o desemprego. Discrimina-se
o não-qualificado. Como o jovem é não-qualificado
ele é discriminado”, argumenta.
No caso brasileiro, há um agravante:
embora o crescimento demográfico
esteja diminuindo atualmente, ele foi muito
grande até algumas décadas
atrás, gerando a chamada “onda jovem”.
Chahad explica que, em função
das altas taxas de natalidade do nosso
passado recente, hoje muita gente está afluindo
para o mercado de trabalho, que fica sobrecarregado.
Some-se a isso a baixa escolaridade da
maioria dos brasileiros e o resultado são
as altas taxas de desemprego atuais.
Para o economista e sociólogo Gilson
Schwartz, o investimento em educação é fundamental,
mas deve ser feito de maneira racional,
levando em consideração as
demandas da economia do século 21.
Professor do Departamento de Cinema, Rádio
e TV da Escola de Comunicações
e Artes (ECA/USP), Schwartz dirige um projeto
que atua nesse sentido, a Cidade
do Conhecimento, procurando
promover uma interação entre
economia de mercado, espaço público,
comunidades locais, tecnologias digitais
e gestão estratégica do conhecimento.
Segundo Schwartz, a sociedade contemporânea
passa por uma mudança global de
padrões. Isso cria a necessidade
de um novo perfil de competências,
qualificações e modos de
aprendizado, ao qual o sistema educacional
convencional está completamente
inadequado. Por isso, ele criou uma disciplina
denominada Iconomia, que é uma combinação
de engenharia, economia, administração,
contabilidade, matemática, estatística,
computação, comunicações
e artes. “É a combinação
do conhecimento dessas várias áreas
que dá a qualificação
que hoje é necessária. No
entanto, na estrutura da própria
universidade, essas áreas estão
completamente separadas”, lamenta.
Para o professor da ECA, a internet é uma
ferramenta útil para superar essa
defasagem provocada por um sistema educacional
anacrônico. “Com a internet, a busca
do conhecimento se abre. No entanto, o
risco de você cair numa confusão
e apenas consumir porcaria é tão
presente quanto em qualquer feira popular
do interior do nordeste. Tem que saber
o que você vai comprar, de quem você vai
comprar, como você vai interagir.”
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